Frustração sem limites
Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Há uns anos atrás, estive quase para comprar uma PS2, só para poder jogar Gran Turismo 4. Depois vi a demo dos patos da PS3 e resolvi que valia a pena esperar.
Não estava errado. A PS3 é, de facto, uma consola que não só vale o que custa (e quem ainda não comprou, preparem-se: vai sair um pack com dois comandos e dois jogos), como tem um futuro muitíssimo promissor com o lançamento de jogos como Assassin’s Creed, The Darkness, Little Big Planet e até o mesmo aparentemente pateta, mas divertido, Pain.
No entanto, não é da PS3, com que estou plenamente satisfeito, que quero falar.
É que, estando na Worten a comprar um microondas novo, já que o antigo foi regado com mijo de gato, dei com o Gran Turismo 4 em edição Platinum, por 19 euros. Como os jogos da PS2 (e até da 1), correm na 3, com upscaling para HD e tudo, comprei.
E tenho estado viciado no jogo… mais ou menos. Tenho jogado muito em spec b, ou seja, eu dou instruções simples e o carro corre sozinho – simulado pelo computador. Não tenho jogado muito em spec a, ou seja, como condutor.
Isto porque os japonas que inventaram o GT4, acharam que era boa ideia impedir os jogadores de efectivamente jogar o jogo, caso não completassem cinco licenças diferentes, cada uma com 15 provas de perder a paciência.
A primeira licença – nacional b – faz-se razoavelmente depressa, mas dá acesso a poucas corridas e em breve estamos de volta ao “license center” para tentar obter a national a (ou será primeiro a A e depois a B? Não interessa).
O que interessa, de facto, é que a segunda licença é mais complicada de obter e sem ela, não temos acesso í s corridas mais interessantes do jogo, tornando um bocado idiota a ideia de toneladas de conteúdo – carros, pistas, cenários – fechado por uma série de provas idiotas.
Porque é que as provas são idiotas? Bom… nem todas são: compreendo a necessidade de aprender a fazer certas curvas e certas manobras em alta velocidade e embora ache frustrante ter que fazer curvas na perfeição dentro de limites de tempo, para poder jogar o meu jogo, até entendo a lógica destas provas.
Pronto, algumas fazem-se í primeira, outras levam 5 tentativas, outras 20… mas fazem-se.
O pior, mesmo, são as provas de pista inteira. O que “eles” chamam “guided lap”. Esta prova é uma idiotice sem sentido e está a levar-me í beira da insanidade.
Se no primeiro conjunto de provas, as voltas guiadas já foram a minha maior dor de cabeça, nesta segunda licença, a coisa está ainda mais grave. Já fiz todas as restantes provas, excepto as duas voltas guiadas e o exame final (que, suspeito, será outra volta guiada).
Porque são tão idiotas as voltas guiadas? Bom… antes de mais, as voltas são supostamente guiadas por um pace car, mas o pace car, não é pace coisa nenhuma, porque – isso é-nos explicado antes da prova começar – ele acelera e desacelera conforme nós aceleramos ou desaceleramos, para nem nos aproximarmos demais, nem o perdermos de vista. Incompreensível.
Depois, o pace car vai a uma distância tal de nós, que não nos guia em absolutamente nada. Não é por olhar para o pace car que vamos perceber a melhor linha de corrida, ou o local mais adequado para travar: mais valia desenharem no chão uma linha de guia que pudéssemos seguir e aí sim: seria uma volta guiada.
Mas o cúmulo da imbecilidade destas provas – que, lembro, são obrigatórias, para podermos aceder í maioria do conteúdo do jogo – é o facto de que não podemos sair de pista uma única vez, durante toda a volta, sob a ameaça de sermos imediatamente desclassificados.
Como é?!
Uma prova com um carro de turismo e eu não posso cortar curvas?
É verdade: nas provas de pista do Gran Turismo 4, não se pode cortar uma curva… nem se pode derrapar e sair meio metro para a relva, a sanção é a eliminação imediata da prova, obrigando a recomeçar do início.
Estou a tentar fazer uma volta, com um Honda, a Suzuka, há vários dias. Sem querer exagerar, já devo ter tentado a prova mais de cem vezes e conto pelos dedos das mãos, as vezes que, efectivamente, cheguei ao fim da pista.
No entanto, o cronómetro do GT4 é implacável. O tempo mínimo para fazer esta volta a Suzuka, é 3 minutos. Já me aproximei 1,4 segundos, mas o tempo requerido não é 3 minutos e 1 segundo e 4 décimas. É 3 minutos.
OK, 3 minutos são 3 minutos… mas quando um gajo, na quinquagésima tentativa, falha por 6 MILÉSIMAS de segundo… é exasperante. Aconteceu-me numa das provas da primeira licença e ia atirando o Sixaxis pela janela.
Evidentemente que um gajo tem que cumprir o tempo, mas isto só me faz pensar que, se calhar, em vez de exigir 3 minutos nesta prova, os gajos podiam ter exigido 3 e meio, por exemplo.
É que fazer a pista toda com medo de meter uma roda fora numa curva, não faz de ninguém um Niki Lauda.
E ainda por cima, sei que, quando finalmente passar Suzuka, espera-me outra prova igual, mas noutra pista e com um carro completamente diferente do Honda que estou a conduzir agora.
Portanto, quando, ao fim de 200 tentativas, já conseguir conduzir o Honda tão bem que consigo bater a prova, o jogo atira-me para dentro de um carro completamente diferente e manda-me repetir.
É frustrante. Mas acima de tudo… é muito, muito aborrecido. E eu que comprei o jogo para me divertir…
[tags]play,station,gran,turismo,4[/tags]