Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Tiago, é dia 11 de Abril e fazes um mês. O tempo tem esta característica estranha de ser elástico. Provavelmente porque nós, meros seres humanos, não temos a mínima ideia de como o tempo efectivamente funciona nem tão pouco o que é. Este primeiro mês passou muito depressa e ao mesmo tempo muito devagar. Embora pareça quase que nasceste ontem, tenho também a sensação que aqueles primeiros dias no hospital foram há seis meses.
Todos os dias evoluis um pouco e recentemente começaste a fixar as caras com muito mais atenção. Na segunda-feira, quando te estava a dar banho, chamei-te e tu fechaste os olhos e quando os abriste estavas a olhar directamente para os meus.
É muito difícil descrever a sensação que esse simples acontecimento dá. Pode parecer uma coisa muito simples, mas quando se tem um bebé que não tem ligação com o mundo que o rodeia, porque ainda não se orienta e os sentidos ainda não funcionam bem, qualquer sinal de comunicação connosco transmite uma emoção quase eufórica.
Entretanto, a vida continua. Já voltei ao trabalho e apesar de não te portares muito mal, as noites não são especialmente bem dormidas – apesar de tudo, tens que comer de 2 em 2 ou 3 horas – e alguns dias por semana as cólicas dão-te cabo do juízo e mantêm-nos todos acordados. Estou a dormir 3 ou 4 horas por noite e depois a ir trabalhar. O cansaço acumula-se, mas nem por isso me sinto desencorajado ou aborrecido.
É mesmo assim e faço o que posso para me ajustar a esta rotina, que também sei que é passageira.
Continuas a crescer a bom ritmo, já tendo deixado para trás alguns dos teus conjuntos de roupa iniciais e começa a parecer-me que em breve vamos ter alguns problemas em colocar-te no fraldário do Ikea. Ou talvez seja apenas o meu ponto de vista, deturpado, de pai.
Já tens um mês e ainda só tens um mês. Dois sentimentos que parecem opostos, mas coexistem com naturalidade.
Go figure…
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belíssimo texto…