Ontem tive uma visita da minha velha amiga, a hemorragia nasal. Bons tempos passámos juntos, anos atrás, como daquela vez em que eu estava “ao quadro”, a ler a lição, na segunda classe, em Queluz e o livro de leitura começou a ficar ensopado em sangue.
Naquela altura o procedimento era sempre o mesmo: algodão na narina em questão, sentar no chão, cabeça para trás, braço no ar (não me lembro qual o critério de escolha do braço).
Bom, a verdade é que depois de ter sangrado de manhã, fiz um grande esforço para não mexer no nariz o resto do dia. Daí a minha surpresa quando comecei a sentir um calorzinho a descer-me pela cara abaixo, a meio da tarde, enquanto calmamente jogava Call of Duty 3 na sala.
Era mais sangue… e era mesmo mais!
Chamei a Dee para me ajudar com um lenço de papel e fui para a casa de banho para poder sangrar sobre o lavatório í vontade. Dois ou três minutos de pressão e a coisa parou, não sem ter deixado a t-shirt manchada e a minha cara a parecer que tinha acabado de travar conhecimento com o Jack Bauer.
Tudo de volta ao normal até que, por volta das duas da manhã, acordei com a estranha sensação de ter a garganta cheira de líquido. Sentei-me na cama, meio zonzo e demorei alguns segundos a perceber que tinha sangue a escorrer por mim abaixo outra vez.
Desta vez sangrei nos lençóis, no tapete que tenho ao lado da cama, nas pernas, pés… enfim, o sonho húmido de qualquer vampiro.
Fui outra vez para a casa de banho pressionar o maldito apêndice nasal. Lá acabei por estancar a coisa, mesmo quando já começava a ver um túnel com uma luz muito brilhante ao fundo. Agora vamos lá ver se já chega, ou se o meu sangue continua a sentir-se exibicionista.
Toda a gente comete erros, eu sei… mas eu já devia ser mais atento nestas coisas. Resolvi fazer um upgrade para wireless-n no Pong Master, o computador da sala, que usamos para ver vídeos. A ligação para lá era de 11 megabit, o que tornava a transferência de ficheiros de e para o dito cujo, lentíssima.
Como tenho um router Linksys WRT300N v.2, que até funciona bem, servindo rede wireless para o Pong Master e a RaisinGirl (comp da Dee), bem como para a PSP e a PS3, sem problemas, encomende, impulsivamente e sem ler nada, uma WMP300N v.2 – a placa PCI wireless-n “correspondente”, da Linksys.
Nunca vi nada tão grotesco como esta placa. É a única peça de harware PCI que já vi que vem com um aviso, dizendo que devemos instalar o software antes de meter a placa no slot. Não porque seja mais prático, mas porque caso contrário não funcionará!
Fiquei logo meio desconfiado, mas segui as instruções. Consegui rapidamente ligar-me ao router e em pouco tempo estava ligado a 54 mbps. Euh… mas então… wireless-n… eu comprei isto para ter 300 mbps e não 54.
Decidi ir jantar e preocupar-me com isso mais tarde, certamente uma config qualquer…
Enquanto aquecia a feijoada a ligação pifou. Assim, sem mais nem menos. Nas duas horas que se seguiram a placa recusou-se a registar-se no router e í s tantas já não via sequer SSIDs (sendo que habitualmente, além do meu, vejo mais uns três – um dos quais completamente desprotegido :-P).
Fui aos foruns da Linksys e dei com 19 páginas de clientes com histórias de terror desta placa, tanto na sua versão 1 (americana), como na 2 (europeia – a minha). Uns atrás dos outros, os posts sucediam-se contando problemas similares aos meus: impossibilidade de se registar no router, incapacidade de “ver” o router sequer, larguras de banda ridículas e crashes.
Bom… crashes pelo menos eu não tinha!
Até, claro, a máquina crashar.
Depois do reboot, li mais umas páginas, até que, na página 19, alguém dizia que estava contentíssimo, porque com o driver novo todos os seus problemas tinham sido resolvidos. Boas notícias: não é o hardware, é o software que é uma merda.
Saquei o software e qual não foi o meu espanto quando o dito me dava instruções para que retirasse a placa do computador antes de instalar o novo driver! Absolutamente impressionante. Há décadas que monto e desmonto placas de computadores e embora já tenha tirado e posto placas a torto e a direito para fazer experiências, nunca um fabricante me disse que tinha que retirar a placa para instalar um update de software.
Ignorei o aviso e instalei o driver (embora tenha sido obrigado a desinstalar o outro primeiro – aparentemente a linksys não sabe o que é um upgrade). Neste momento a placa está ligada ao router… a 54 mbps.
Não está inteiramente de parte a possibilidade de devolver esta porcaria í proveniência…
Lá fui, í hora de almoço, ao Corte Inglés, ou como algumas pessoas dizem ao “el” Corte Inglés. Tinham, de facto, sketch markers e wide markers, da Copic, mas eram um punhado deles. “O que resta dos mil diferentes que tínhamos”, disse o empregado.
Como diria Grouxo Marx: close, but no cigar.
Ao fim do dia, lá fui eu, todo lampeiro, para o Bairro Alto, ou como algumas pessoas dizem “o bairro”.
Primeira paragem: Corbel. Montes de materiais de arte e… Copic sketch markers! Hurra!
Treze.
Todos de cores diferentes e enjoativas. Eram… adivinharam… o resto.
Em dois casos, hoje, tive marcadores tal e qual os que quero, nas mãos e em ambos os casos não eram as cores que preciso.
Parti por ali fora, até í Rua da Rosa, que subi até ao Príncipe Real. Pelo caminho, a Casa Ferreira: marcadores = zero. Lá no topo, a maior decepção: a Casa Varela, montras plenas de pauzinhos coloridos e tubinhos brilhantes e lá dentro, uma senhora que, quando lhe perguntei por marcadores Copic ou Letraset, levou a mão a um frasco, tipo frasco de rebuçados, e sacou um daqueles Tratto azuis que se usam para sublinhar papelada ou livros de estudo ou para fazer posteres anunciando o preço do pé de porco no talho da esquina.
Fui derrotado em toda a linha.
A minha única esperança foi o senhor da Corbel que me garantiu que iriam ter mais marcadores Copic sketch. Mas a verdade é que os Copic sketch são a minha segunda escolha, porque o que eu quero mesmo são Copic wide. Paciência. Dei todas as hipóteses que pude ao comércio tradicional. Está na hora de me voltar para a net, onde já encontrei Copics, Letrasets e outros í venda em quantidades razoáveis.
De há alguns dias para cá que decidi comprar três marcadores. Isto não parece nada de excepcional, certo?
No entanto, é uma tarefa complicada. Quero comprar três marcadores cinzentos, graduados, para desenhos rápidos. De facto não são três Paper Mates, mas também não é plutónio… Existem diversos fabricantes deste tipo de marcadores – chamemos-lhe “artísticos”, coisa que no estrangeiro é normal (“art markers”, por exemplo), mas que em Portugal soa a presunção.
Os que eu quero mesmo, mas mesmo, mesmo, são os Copic. A Copic tem uma linha de marcadores largos que são igualmente bestiais para preencher rapidamente formas e para desenhar linhas (com o canto da ponta de feltro).
Depois há os Letraset Tria, que também existem em gamas de cinzentos quentes, frios ou neutros, graduados (de 0 a 9, normalmente). Os Prismacolor Art Markers, que – ao que parece – é uma marca que nem se vende na Europa. Ou, por exemplo, os Touch.
Enfim, são quatro exemplos de fabricantes de marcadores que oferecem gamas de cinzentos graduados.
Dirigi-me í Papelaria Fernandes do Almada Forum, que tem uma prateleira inteira dedicada í Crayola, na sua secção de arte. A Crayola está também í venda na Pré-Natal, para terem uma ideia. Marcadores profissionais: nem vê-los.
Mas ok, já estou habituado í fraca qualidade da maioria das lojas do Almada Forum, que parece que só têm os restos das lojas de Lisboa.
Hoje saí mais cedo da PT e fui í Baixa, convencido de que não sairia desfeiteado.
Fui í Papelaria Fernandes da Baixa e fiquei triste. O primeiro piso, que antigamente brobulhava de material artístico, está reduzido a uma escolha paupérrima, que me deprimiu. Lembro-me de ir passear para a Fernandes, quando andava na Faculdade ali perto, só para olhar para todos os materiais brilhantes e coloridos que eles vendiam. A coisa começou mal.
Fui í Progresso, ali ao lado, só para constatar que está fechada há vários meses. A Progresso tinha um primeiro piso também bem recheado de material artístico. Já não existe.
Fui í Moderna, ali ao lado também, que não costuma ter uma oferta tão interessante, mas que ainda assim tem uma secção de material de pintura e desenho. Não vi marcadores e como a hora de fechar se aproximava, perguntei í senhora em vez de andar í procura nas prateleiras.
Ela chegou-me um cestinho raquítico com umas canetas de feltro. Fiquei sem saber se havia de lhe deixar uma moedinha no cestinho ou levar canetas.
Saí então em busca da casa Ferreira. A Ferreira não é uma papelaria como nenhuma das que anteriormente referi: é uma casa de materiais para arte e era a minha última hipótese do dia, visto que as sete horas se aproximavam galopantemente.
Não encontrava a loja, portanto liguei ao Nelson que costumava ir lá comigo e lá acabámos por dar com aquilo. Com aquilo, quer dizer… com a carcaça daquilo. A Casa Ferreira da Baixa, fechou. Está deserta, esventrada, suja e abandonada, com um significativo aviso na montra: “vendem-se dois balcões e uma estante”.
Mas nem tudo são más notícias: sei que há outra boa loja no Camões, de que não consigo lembrar-me do nome; e sei que a Casa Ferreira da Rua da Rosa ainda está aberta.
Planeio novas incursões, qual Indiana Jones em busca dos meus marcadores graduados!
Ontem tive uma visita da minha velha amiga, a hemorragia nasal. Bons tempos passámos juntos, anos atrás, como daquela vez em que eu estava “ao quadro”, a ler a lição, na segunda classe, em Queluz e o livro de leitura começou a ficar ensopado em sangue. Naquela altura o procedimento era sempre o mesmo: algodão […]
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