Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Desde a primeira vez que vi o trailer do Casino Royale que achei: “whoa!”. E toda a gente sabe que “whoa!” é a melhor reacção que se pode ter a um trailer. Primeiro, no trailer, não se percebia que a coisa era um filme do James Bond para aí até meio… quando a voz da Judi Dench fala em double-o status e é nessa altura que surge o segundo “whoa!”: isto é James Bond?!
É que parecia só porrada e mau viver, coisa que já ninguém associa ao 007 há muito tempo. Confesso que os últimos dois filmes do Pierce Brosnan já nem os vi. O homem até tinha estilo e tal, mas via-o mais como um comediante no meio de uma anúncio publicitário gigante, do que como o mais eficiente agente do MI6.
Daniel Craig veio mudar isso tudo. Não só ele, como, obviamente, as pessoas que decidiram que era altura de devolver a dignidade ao Bond. E é por isso mesmo que este filme é, muito provavelmente, o melhor Bond de sempre.
Sejamos realistas: toda a gente que gosta de Bond venera o Connery, mas os filmes são muito antigos e estão muito datados. Embora sim, de facto Sean Connery fosse o James Bond, a coisa já cheira um bocado a mofo.
No Casino Royale, o personagem é actualizado, mas esse não é o centro do filme, esse é mesmo a história. Isto quer dizer que não há Q neste filme, nem preciosos minutos passados num laboratório que parece um circo; há gadgets ultra-sofisticados, mas são usados apenas quando isso ajuda a avançar a cena e afinal, o kit de desfibrilhação que vinha incluído no Aston, tinha um fio desligado e tudo. Perfeito.
O Bond de Craig é implacável: espanca e mata, sem qualquer problema e até, talvez, com algum gosto. Deixa-se torturar brutalmente enquanto ri e pede ao seu carrasco: “oh sim, sim, mais para a direita!”. É frio, mas apaixona-se: não é uma máquina, é um homem, mas é muito bom no que faz.
Os olhos azuis absolutamente penetrantes e o físico imponente do homem quase me fizeram pensar em tornar-me gay, mas as maminhas saltitantes da namorada ajudaram um bocado a resistir e o jogo de poker é um centerpiece muito bem explorado que marca o ritmo do filme entre cenas tensas de jogo e intervalos para a mijinha que acabam com cadáveres diversos.
Um granda filme, bem merecedor de vários “whoa!”. O único problema foi o bando de putos que se instalou num canto da sala a conversar. E não estou a falar em sussurros, estavam a conversar de viva voz. A comer pipocas e constantemente a acender e apagar as luzes dos seus telemóveis. Uns levantavam-se e saíam da sala, voltando minutos depois, outros punham-se de pé, outros ainda tinham os pés sobre o encosto de cabeça das cadeiras da frente.
Claro que lhes mandaram uns ineficazes “chiu” e que a menina do cinema foi lá pedir-lhes para tirarem os pés, mas sem grande resultado.
Numa cena em que a Vesper está dormindo no seu magnífico quarto em Veneza e o silêncio do filme fazia ressaír ainda mais a barulheira dos ranhosos, aproveitei para impor um “calem-se caralho!”. E quando falo em impor, falo em gritar para ser bem ouvido.
Ficaram chocados, claro. E depois riram-se e tal. Mas a verdade é que baixaram um bocadinho a bolinha durante o resto do filme.
O que é que estes pirralhos vão fazer para o cinema? Putos de 13 ou 14 anos que não se calaram nem pararam de mandar SMS durante as duas horas e tal que tem o filme; deixaram um chiqueiral inacreditável de pipocas e papeis no chão e levantaram-se e sairam da sala várias vezes durante a fita.
O que é isto? Quando eu era puto, havia gajos que iam para o cinema para desestabilizar. Era mesmo assim: iam de propósito para mandar bocas e divertir-se com isso. Isto é diferente: estes putos estão ali como se estivessem na rua ou em casa de um deles a ver um filme no DVD e não percebem (não percebem mesmo), que estão a chatear o resto das pessoas que se calhar gostam de ver um filme em paz e silêncio.
Se calhar estou a ficar velho, mas isto parece-me tudo muito estranho. É que apesar de tudo, um bilhete de cinema custa mais de cinco euros… parece-me um preço um bocado caro para ir fazer uma coisa que podiam fazer de graça num banco de jardim.
Também gostei muito do filme; acho que está mais realista do que os outros, com mais factor humano e menos gadgeterie e explosões magníficas — ou seja, menos “tiros e bombas” e mais “socos nas trombas”. E o Daniel Craig está um bom Sean Connery actualizado. :)
E que tens a dizer da música do Cornell? Algumas pessoas me dizem que, apesar de a música ser boa, não está ao nível de um “Bond theme” — coisa de que eu discordo, principalmente a versão que se vê no filme propriamente dita (mais orquestrada que a do clip MTV, que por sua vez também é mais orquestrada do que a versão que se encontra na Internet). Acho que está bem ao nível dos últimos “Bond themes” interpretados por homens.
Craig is the man!
Eu sou grande adepta do “calou, caralho”, pode chocar muita gente mas eu acho que é bem mais elegante do que ir para uma sala de cinema estragar a experiência í s outras pessoas a falar alto ou com comportamentos idiotas durante o filme inteiro. Geralmente os putos calam-se ou pelo menos falam mais baixo.
Também tive a mesma reacção que tu ao trailer e não fiquei nada desiludida com o filme. Quanto ao Daniel Craig, enquanto a maioria estava cheia de queixumes a dizer que ele não tinha pinta para Bond (até abaixos assinados e sites anti-craig fizeram) eu sempre achei uma grande escolha. E ao contrário de ti, era o físico musculado e olhos penetrantes do Daniel que me acalmavam a costela gay cada vez que via a Eva Green ;)
As pessoas mais próximas de mim, recusam-se a ir ao cinema comigo, eu própria, recuso-me a ir ao cinema comigo.
Sou tão picuinhas, tão picuinhas, tão picuinhas com os barulhos, que pura e simplesmente não consigo concentrar-me no filme, se tenho alguém a comer pipocas ao meu lado.
Recorro a todos os estratagemas, desde olhares penetrantes, a “shius” alto e bom som, mas, na maioria das vezes, não funciona.
Resultado?
O último filme que fui ver ao cinema foi a ante-estreia do X-Men (e sim, também tive problemas) e filmes infantis (em que a zorra é tanta que nem vale a pena).
De resto? Abeçoados DVDs e Home Cinemas
Quanto ao James Bond, não comento porque não vi o filme. Este Sábado havia alguém que o queria ir ver, mas nós (a amaioria do grupo) conseguimos arrastá-lo para o Borat. Muito divertido!
Quanto aos putos parvos a fazer chinfrin no cinema… é por essas e por outras que já não vou ao cinema a Centros Comerciais onde se vendam pipocas. Para mim Cinema é Cinema e pipocas são pipocas. Afastando-me das salas da Lusomundo a coisa corre normalmente bem.
A culpa é das mãezinhas destas crianças. Da última vez que fui ao cinema, saí a dizer ao meu filho (com 10 anos) “Promete-me, PROMETE-ME que NUNCA vais fazer estas figuras no cinema. POR FAVOR!!!!!” Espero que surta efeito. Já que não posso mudar os dos outros, tento pelo menos moldar o meu.