Publicado em , por Pedro Couto e Santos
No mundo inteiro neste momento se ouve um zumbido imparável. É o som de milhões de discos rígidos a vibrar ao ritmo da curiosidade das pessoas. Esses milhões de discos, de outras tantas pessoas, carregadinhos de dados, conversam entre si, via sistemas operativos e software e trocam bits de um lado para o outro.
Mas o que troca, toda esta gente? O que partilham?
A pergunta talvez pudesse ser: o que não partilham? Seria mais fácil responder. Filmes, séries de TV, música, livros, software, tudo se partilha. As redes P2P, como o emule, fervilham e os ISPs aumentam a largura de banda que fornecem aos clientes – porquê? Será inocentemente que o fazem? Ou saberão que se o cliente não consegue um bom desempenho de filesharing, irá a outro lado?
Hoje em dia, ver websites não “custa” muita largura de banda. Ler mail, também não. Jogar já custa mais, mas o que realmente leva as ligações domésticas ao limite é a partilha de ficheiros.
Mas afinal isto não é tudo ilegal? É pois. Mas não devia ser.
As pessoas que partilham ficheiros na net são apelidadas de piratas, a partilha de ficheiros é chamada de pirataria (independentemente de que ficheiro se trate), e somos constantemente bombardeados com filmes fascizóides sobre crimes que não devemos cometer.
Mas eu decidi rejeitar este rótulo… piratas? Não são aqueles gajos de pernas de pau que andam em alto mar?
As redes de partilha são gigantescas e se alguém não está satisfeito com o que se está a passar é porque não percebe o mundo em que vive. Neste momento as editoras de conteúdos audiovisuais, de livros, de software só têm duas hipóteses: ou páram de produzir ou adaptam-se í forma como o mundo funciona hoje em dia.
O problema é que não existe inteligência suficiente nessa enorme massa de economistas, gestores e advogados, para dar a volta í questão. A maneira como as diversas indústrias do entretenimento lidam com a partilha dos seus produtos é através de perseguição criminal.
Esta é forma errada. Das duas uma: ou desistem, ou prendem vários milhões de pessoas. Não parece possível, pois não? É porque não é. O que é preciso é que algum desses senhores tenha uma ideia que funcione. Algo que encaixe na fome de conhecimento das pessoas, algo que sacie a sua curiosidade e desejo de acesso aos conteúdos e produtos e que beneficie quem os cria.
Ah, pois… é que esses senhores não criam nada, não é? Limitam-se a controlar o produto, de forma a que este gere o máximo de lucro possível. De que outra forma se explica que a season 3 de Lost, já em exibição nos EUA, esteja prevista para estrear em Portugal apenas em Abril de 2007?
É mais do que evidente que uma série de portugueses está já a assistir a essa série e vai ignorá-la quando finalmente passar na RTP. E este é apenas um exemplo.
E enquanto as indústrias do entretenimento e informação não arranjarem melhor solução do que chamarem-nos piratas, então eu proponho que as pessoas rejeitem esse título: eu não sou nenhum pirata, nem conheço nenhum pirata. Conheço pessoas que partilham coisas de que gostam e gostam mesmo muito. Talvez esse gosto pudesse ser transformado em algo mais positivo do que um registo criminal.
Até lá… Vemo-nos por aí, caros co-partilhadores.
também já dissertei sobre isso e como é óbvio a minha opinião é a mesma. os “senhores” têm de se adaptar, é que por muito que queiram passar essa imagem, eles “não são os mais fortes” e não vão conseguir mudar tudo í força bruta.
os tempos mudaram.