Férias em Monchique

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Segunda-feira passada, rumámos a Monchique, para quatro dias de férias fora de casa. Decidimos ir passar uns dias no SPA Resort das Caldas de Monchique, que é o nome chique que se dá hoje em dia í s termas.

Mas, verdade seja dita, não fomos propriamente fazer tratamentos termais, inspirar vapores ou envolver-nos em lamas: fomos descansar.

O GPS decidiu, por qualquer razão estranha, mandar-nos pela estrada da Serra, mas acabou por não ser muito mau: a estrada está toda nova e a vista é fantástica.

Chegámos a Monchique umas três horas depois de termos saí­do de Almada e deparámo-nos com o problema do costume: nenhuma placa indicava o caminho para as termas. Como as termas ficam no meio da Serra de Monchique, fora da vila, o mapa do GPS não tinha as coordenadas e, mesmo depois de chegarmos ao centro de Monchique, não se encontrava uma única placa a indicar o caminho.

Suponho que em Monchique se parta simplesmente do princí­pio que toda a gente sabe onde ficam as Caldas e pronto.

Num posto de informação turistica, uma senhora lá me indicou que tinha que seguir para Portimão e andar 6 kms. Lá demos com a coisa.

As primeiras impressões do hotel termal, onde ficámos, não foram grande coisa: praticamente não há estacionamento e encontram-se as bermas cheias de carros, quando chegámos não tinham toalhas nem fronhas por um problema na lavandaria e os elevadores estavam avariados.

Mais tarde, descobrimos que o hootel é, tamém, barulhento. Isto deve-se principalmente ao facto – bastante óbvio – da coisa estar repleta de velhas pimponas, da haute sociéte Lisboeta, todas com 900 anos e surdas que nem um penedo. Por este mesmo motivo, as senhoras precisam de falar aos gritos.

Todos os dias, í s sete da manhã, começava a berraria nos corredores do hotel. Tentámos ficar na cama até í s nove e meia, todos os dias, antes do pequeno almoço no quarto andar.

Sempre gostei de pequenos almoços em hotéis: mesas cheias de coisas, que é só chegar e comer. O pequeno almoço no hotel termal teve a grande vantagem de ter um pão algarvio fantástico, parecido com o pão alentejano, que escorregava que nem ginjas.

O restaurante, aliás, foi o melhor do hotel: a comida era muito boa. Bom… é verdade que se não fossemos cedo, o serviço era assustadoramente demorado, mas os medalhões de novilho na grelha com legumes, acabavam por compensar. Acho que nunca comi feijão verde e cenouras com tanto gosto.

A tarde de Segunda-feira foi passada í  beira de piscina exterior: um espaço simpático, mesmo no meio do vale, relvado, com palmeiras e duas piscinas – uma delas para crianças. Estava-se bem ao Sol, embora talvez tivesse sido confortável estar numa espreguiçadeira. Infelizmente, o hotel só disponibiliza uma dúzia delas e, claro, estavam todas ocupadas pela labregueira.

O único dia em que conseguimos deitar-nos um pouco mais confortavelmente, foi na Quarta-feira de manhã, quando o dia amanheceu cinzento, depois de uma chuvada nocturna. A piscina estava fechada de manhã e nós apanhámos mesmo o momento em que foi reaberta. Quase que fomos as primeiras pessoas a chegar, não fora um casal que estava de vigia, prontos para qualquer eventualidade, desejosos de apanhar os melhores lugarzinhos para se poderem sentar a ler o 24 Horas e livros da Sveva Casati Modignani (ele e ela, respectivamente – claro).

Este tipo de atitude, de resto, era comum por ali: muitos portugas, em grandes bandos, que iam e vinham, deixando as toalhinhas a marcar a cadeira enquanto iam almoçar com os putos ranhosos que depois passavam a tarde a gritar e a fazer bombas na piscina.

Pouco relaxante, para um SPA.

Mas foi-se descansando e na Terça-feira, fomos fazer uma massagem localizada (í s costas, claro), que foi uma maravilha. Só achei que podiam ter no programa massagens mais longas e mais profundas, aquelas parecem ser um bocado para encher o olho ao labrego: musiquinha New Age com som de ondinhas a enrolar na praia e apenas 15 minutos de massagem mais ou menos superficial. Mas as massagistas eram boas (e não quero com isto dizer boas como o milho), e portanto a massagem foi bastante simpática.

O resto do dia de Terça foi passado na piscina interior de hidromassagem, que é fantástica. Estava-se verdadeiramente bem dentro daquela água morna, agitada por jactos fortí­ssimos e quando a labgregaria se aproximava, podia sempre mudar-se de poiso entre os jactos submersos, as quedas de água com pressões diferentes e as “cadeirinhas” com jactos para as costas.

Na Quarta, depois de um bocadinho passado í  beira da piscina exterior com o Sol meio escondido, tivemos que fugir í  pressa quando começou a chover e, depois de mais um excelente almoço, fomos fazer um duche de Vichy. Basicamente é uma massagem í s costas – feita pelas mesmas duas meninas do dia anteriorr, mas em que o corpo está debaixo de uns cinco chuveiros com água morna, o que acaba por relaxar ainda mais. Gostei muito e de facto esta é a melhor parte das Caldas de Monchique: os tratamentos.

Acredito que outros tratamentos sejam igualmente porreiros, mas não me inscrevi em mais nada. Em parte porque não me interessavam (envolvimento em algas), e em parte porque não havia muitas vagas.

O balanço é positivo… há muito tempo que não passava um bom bocado simplesmente a descansar. Nem um livro levei para ler, apenas um caderninho para desenhar e a Nikon para tirar umas fotos. Esteve-se bem e a única coisa a lamentar é sempre o mesmo: as outras pessoas; os gajos barulhentos e as velhas que se vestem a rigor para ir jantar ao restaurante do hotel, como se estivessem no Ritz, os gajos com catarro na mesa do lado e todos os gajos que lêem o 24 Horas, mas, como já dizia o Jean Paul: O inferno são as outras pessoas.

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6 comentários a “Férias em Monchique”

  1. artur says:

    A técnica é ignorá-los. Graças í  minha experiência internacional, tenho adquirido a competência (uma espécie de super-poder), que consiste em ignorar bandos de ingleses, australianos, finlandeses, sul-africanos, brasileiros, americanos, etc, etc – caso contrário, como é possí­vel apreciar o planeta? Pois se ele está cheio de pessoas!

  2. Alex says:

    Bem… O Jean-Paul dizia isso, mas por outros motivos…

  3. paco says:

    Quando fui, no Inverno, as termas estavam vazias e passei uns dias óptimos.
    Cheios de tratamentos e massagens.
    Quantos aos frequentadores, ignorá-los é uma boa táctica. Melhor ainda é olhar para (alguns) eles e imaginar uma história de vida pouco ortodoxa.

  4. Isa says:

    Algarve no verão é aquela coisa…não escapa nada, até Monchique…

  5. Macaco says:

    Paco, tb foi o que discutimos… a coisa deve ser ainda melhor no Inverno. Mesmo assim gostámos.

  6. conchita says:

    Bem que precisava de uma massagem as costas ( estas malditas dores tiram-me do sério), e descanso psicológico. Em relação ao povão, o melhor é ignorar ( se bem, que da maneira que eu ando, não sei, não….).

    Welcome back!

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