Acabei de re-instalar o Windows. Como o setup crashou oito vezes antes de o conseguir completar, sinto que faz falta um pouco de amor no mundo. Por isso, deixo-vos aqui um puêma inédito.
Puêma
Inverto, memoravelmente, a redundância Da discrepância, mal me lembro Alimento-te com rebarbas que fabrico Na noite esquiva que me envolve. Afunda-te em pensamentos redondos, Liga-te a altruísmos dissidentes Tenho-te no bolso.
Recordo uma infância automática Com olhos de escavadora (vejo) Com olhos, com braços Dentes e entes, conheces (a loucura)
Compreendo.
Dizes-me que não. Volto e torno a voltar Envolvo-te em papel, sou eu. Sou teu. Somos nós, envolvidos Devolvidos Somos nós.
Encomenda-se um produto dos Estados Unidos, esse produto custa 30 euros. O envio desse produto, que pesa quase 1 kg, custa mais 20 euros. Quase tanto como o produto, mas ok, mesmo com o envio, o produto fica mais barato do que se comprado em Portugal.
Depois espera-se.
E depois recebe-se um telefonema da FedEx a avisar que o produto vai ter custos alfandegários de, aproximadamente 75 euros.
Portanto, produto: 30 euros. Envio: 20 euros. Mais um roubo do Estado Português a um dos seus contribuintes: 75 euros.
Aparentemente, quer se encomende um pechisbeque de 50 cents ou um penico de ouro no valor de 5 mil dólares, o “processo burocrático” (sic), custa sempre, pelo menos, 58 euros. Depois há a taxa alfandegária e o IVA, claro.
Há uns meses atrás, apercebi-me que, quando voltava para casa í noite, ao atravessar uma praceta, tinha que espreitar por trás de uma carrinha branca para ver se vinha algum carro. Aquilo era um bocado irritante, porque a carrinha enorme tapava completamente a visibilidade do trânsito e era preciso especial cuidado para atravessar.
De início nem reparei muito quantas vezes isto acontecia, mas depois comecei a achar estranho… a carrinha estava ali muitas vezes.
E quando reparei que a carrinha estava ali muitas vezes, comecei a reparar que isso não era verdade; a carrinha não estava ali muitas vezes: a carrinha estava ali sempre.
Mais um carro abandonado – foi o que pensei – numa área onde arranjar estacionamento é uma dor de cabeça, a menos que seja domingo í tarde e o pessoal esteja todo na praia.
Como vivemos perto do terminal de barcos e autocarros de Cacilhas, muito bom habitante da margem Sul, vem deixar os seus carros nas nossas ruas e pracetas, para ir depois apanhar o transporte para Lisboa. Claro que há parque de estacionamento, mas são pagos, portanto os gajos que chegam primeiro, afiambram-se aos lugares dos moradores que estão, eles próprios, a sair de carro para o trabalho.
O resultado são carros que ocupam lugares dos moradores durante o dia inteiro, enquanto os seus donos estão em Lisboa, a trabalhar. É praticamente impossível estacionar o carro aqui na zona, durante o dia e portanto um carro abandonado a ocupar um lugar, é um incómodo considerável. Pior ainda: esta carrinha ocupava dois lugares de estacionamento.
Uns dias depois reparei que a carrinha já lá não estava. Afinal, não estava abandonada.
Quando um gajo não tem mais nada para fazer nas idas e vindas do trabalho, entretém-se com estas idiotices. Não pensei mais no assunto.
Não pensei mais, isto é, até voltar a ver a carrinha no mesmo sítio. Desta vez pensei que este gajo tinha uma sorte do caraças, de ter voltado a encontrar o mesmo lugar.
Depois nada de carrinha. E depois, novamente carrinha.
E a coisa começou a repetir-se de forma matematicamente impossível. Até que resolvi ver que carro estava no lugar da carrinha, quando a carrinha lá não estava. Era este:
Comecei a ficar ligeiramente obcecado e, nos dias seguintes, estava sempre a carrinha no lugar do costume. Os dias passavam e eu, quando saía de manhã e voltava í noite, só queria ver se estava o VW naquele lugar. Mas tudo o que eu via era isto:
Até que, finalmente, lá estava o Volskwagen Polo, em vez da carrinha Renault.
Com o passar dos dias, verifiquei que não estava a imaginar coisas: naquele lugar de estacionamento de luxo, na nossa zona de residência onde estacionar – só por si – é um luxo, estava sempre ocupado ora por uma carrinha Renault branca, ora por um Volkswagen Polo cinzento.
Todos os dias, sem falhar, até agora. E assim continua. Passaram meses (lembro-me que ainda era Inverno, quando reparei nisto), e o chão já tem uma enorme mancha de óleo, deixada pela carrinha que já tem um aspecto um bocado usado.
Como a carrinha ocupa dois lugares de estacionamento, o seu dono, quando a substitui pelo VW, tem o cuidado de estacionar o carro atravessado o suficiente, para ter espaço para o substituir pela carrinha.
Não sei onde está um veículo, quando o outro está nesta fantástica garagem privativa ao ar live, mas sei que o gajo que anda a fazer isto, é um chico-esperto e merecia uma medalha pela sua capacidade de ser portuga até ao tutano.
Nunca vi o dono dos carros, nem nunca vi a manobra de trocar um pelo outro e confesso que já sinto alguma curiosidade…
Hoje, convenci-me várias vezes ao longo do dia de que amanhã era Sábado. Puro engano.
Estou a gostar muito do trabalho que tenho para fazer, mas sejamos claros: preciso de férias. Não só o calor me dá cabo da moleira, como estou estoirado.
E tive férias no início de Junho! Mas o regresso foi de tal forma atribulado com confusões, complicações e trabalho, que acho que o meu fusível pifou.
Sinto-me completamente cansado, dorido e desconfortável. Não consigo estar confortável em lado nenhum: nem o mais básico acto de conforto humano – estar deitado num colchão com uma bela almofada – funciona. Durmo porque preciso e não pelo conforto de uma caminha.
Quando estou na sala, não consigo estar sentado no sofá: sento-me constantemente no chão, mas também não é necessariamente por estar confortável, mas porque apenas parece mais confortável que o sofá.
No trabalho, escorrego e re-posiciono-me na cadeira a cada dez minutos e nunca consigo estar bem. Nos transportes, pior um pouco: está tudo cheio, apertado e as cadeiras parecem-se quase sempre com instrumentos de tortura medieval.
Dói-me o pescoço quase permanentemente. Não, correcção: dói-me o pescoço permanentemente. Os ombros e as costas não andam muito melhores, mas não consigo arranjar solução (também não tenho procurado, ultimamente, é verdade).
Depois o calor não ajuda: tenho calor, o ar estar denso e custa a respirar. Suo e a roupa cola-se-me ao corpo. Os boxers sobem e enrodilham-se. Os pés fervem-me dentro dos sapatos.
Não consigo lembrar-me do último momento de puro conforto que tive… na vida. Não no último mês, mas na última década, talvez. E acho que esse factor é crucial para o cansaço insuportável que sinto cada vez mais opressivo.
Digo que preciso de férias. Mas conseguirei descansar nas duas semanas de pausa que me aguardam em Agosto? Ou será que nunca mais na vida vou conseguir ter um momento de puro… conforto?
A nova banda de Jack White, com Brendan Benson, Jack Lawrence e Patrick Keeler.
Os Raconteurs não são os White Stripes sem a Meg White, mas uma banda completamente diferente. Certo que a voz do Jack White é imediatamente reconhecível, mas as harmonias com Brendan Benson dão-lhe um tom diferente e os teclados e baixo, geralmente ausentes nos White Stripes tornam os Raconteurs uma banda mais “normal”.
Brendan Benson toca a solo e tem um site e Jack Lawrence e Patrick Keeler são da banda The Greenhornes.
O single de lançamento, “Steady as she goes”, é uma canção fenomenal, com o melhor do pop/rock: entra bem, tem um ritmo contagiante e um som verdadeiramente clássico.
Mais clássico ainda é o resto do álbum que faz lembrar os Beatles, nalgumas canções de forma quase descarada e, creio, intencional.
Boa música, a adquirir e ouvir o mais rapidamente possível.
O álbum chama-se “Broken boy soldiers” e o site oficial parece um velho terminal de computador (vão ter que usar as teclas).
Acabei de re-instalar o Windows. Como o setup crashou oito vezes antes de o conseguir completar, sinto que faz falta um pouco de amor no mundo. Por isso, deixo-vos aqui um puêma inédito. Puêma Inverto, memoravelmente, a redundância Da discrepância, mal me lembro Alimento-te com rebarbas que fabrico Na noite esquiva que me envolve. Afunda-te […]
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