Publicado em , por Pedro Couto e Santos
A viagem não agoirava bom tempo. Ou seja, chovia a cântaros, quando entrámos na A2, em direcção a Sul. Três carros: dois Mercedes e um Passat, mostram que a família evoluiu um bocadinhos nos últimos 25 anos, altura em que a viagem teria sido feita num Fiat 128 e um Dastun Y, com os 12 mânfios igualmente distribuidos e ao colo uns dos outros.
Vómito teria sido o cheiro dominante.
Mas as coisas mudaram, a família aumentou e as estradas melhoraram.
Da A2 para a A6, sempre a andar bem e depois, pelas estradas nacionais, até Évora, passando por fora para Monsaraz, onde almoçámos.
Não há dúvida que os alentejanos sabem cozinhar e é uma pena não comer porco no Alentejo. por isso mesmo, alambazei-me com secretos e pão.
O pão alentejano devia ser considerado monumento nacional ou coisa parecida e é pena que seja impossível comprar pão daquela qualidade em Lisboa.
Depois de Monsaraz e do almoço, ainda í chuva, foi altura de fazer o resto do percurso, até Mourão. A paisagem está toda coberta de água do Alqueva, aquilo a que por ali se chama “o grande lago”. E o Guadiana passou de um fiozinho de água, onde flutuámos com ajuda de câmaras de ar, a um lago com ilhas e tudo.
Debaixo de água, a praia onde passámos uns dias e a fábrica de papel. Deve ser interessante mergulhar ali.
Chegámos a Mourão ainda com chuva, situação que não se alteraria muito.
A Marta fez-me um teste de QI, do qual terei resultados em breve e depois dormiu-se uma sesta. Nada como a calma da aldeia.
Seguiu-se um passeio: visitei a minha antiga escola primária, onde terminei a primeira classe e fomos até ao castelo ver os corvos que por lá andam. Na aldeia não havia ninguém na rua e as casas tinham os estores fechados… onde andam os Mouranenses? Em casa a ver a TVI, certamente.
O jantar, na Adega Velha foi dividido: metade da mesa comeu cozido de grão e a outra metade, feijoada, tirando uma sopa de cação e um lombo no forno, excepções í regra.
O vinho veio em jarros de barro demasiado porosos: desaparecia rapidamente. No final: encharcada simplesmente irresistível.
Levantar é que foi pior… e o caminho de volta í Casa Esquível foi algo acidentado. O resto da noite passou-se a jogar Uno e comigo a tentar não ficar tão mal disposto que tivesse que ir vomitar. Cantou-se um bocado e fizeram-se palhaçadas q.b.
Dormiu-se mal em colchões duríssimos e o pequeno almoço foi ranhoso só tendo servido para, numa dentada inadvertida, eu ter arrancado um pedaço do meu próprio lábio, í dentada.
Quando parei de sangrar, metemo-nos no carro e rumámos a Almada, em mais uma viagem sem incidentes.
E pronto… Mourão lá está. Fez-me pensar que a pessoa que eu era entre os 6 e os 7 anos, quando lá vivi, já não é, de facto, a mesma que está agora í beira dos 33. E isso não faz diferença nenhuma…
Pá, se gostas da comida alentejana tens que provar a nortenha, especialmente a minhota, os rojões í minhota, as papas de sarrabulho, o arroz de sarrabulho, o pica no chão, o bacalhau com broa, e mais abaixo um bcd as tripas í moda do Porto e o leitão da Bairrada acompanhado com um Aliança Bruto Tinto, é do melhor que se come em Portugal, Heaven on Earth.
Tenho que concordar com o Macaco. Metade da minha família (a parte paterna) é alentejana e é um regalo quando eu vou lá ou eles vêm a Coimbra, seja no Natal ou no Verão! Vale a pena esperar por essas alturas…O meu prato favorito é, sem dúvida, Migas!
Continuo a gostar de ti. Passo férias na costa Alentejana e venho sempre carregadinha de pão, que congelo para ir comendo ao longo do ano (que só dura cerca de 2 meses). Não há que se lhe compare…