Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Já só faltam mais quatro dias de trabalho e, na próxima sexta-feira, entro de férias. É só uma semana, mas já estou com síndrome de abstinência.
Preciso urgentemente de não fazer nenhum. Este fim de semana prolongado já foi jeitoso, acho que se o fim de semana passasse a ter três dias e a semana de trabalho apenas quatro, o pessoal andava mais calmo e contente.
Infelizmente, nos países menos desenvolvidos, confunde-se produtividade com carga horária. Na China, por exemplo, o horário médio de trabalho é de 37 horas por dia, todos os dias. Em Portugal já evoluímos um pouco, mas ainda estamos longe do fim de semana de três dias.
Talvez com uma semana de trabalho de apenas quatro dias, as pessoas trabalhassem com mais motivação.
Já eu, duvido. Eu cá, odeio trabalhar, ponto final.
Tá descansado que esse dia há-de chegar.
Trabalhar apenas 25 horas por semana não é uma quimera.
A OMC (Organização Mundial do Comércio) veio para ficar. A entrada de produtos do sudeste asiático, China e outros, vai ter cada vez mais impacto na economia ocidental. Os produtos chegam mais baratos e as nossas empresas vão começar a fechar e a deslocalizar-se para o oriente. Isso já começou a acontecer, como podes constatar.
As consequências são o aumento do desemprego na Europa e EUA, que também já é um facto visível.
Podemos tentar proteger-nos fechando a porta ao comércio livre e taxando a entrada de produtos baratos vindos da China. Mas isso tem dois óbices. As grandes empresas mundiais, que são quem manda nesta merda toda, têm grnades interesses na China e arredores e não deixam que isso aconteça. São elas que EXIGEM a manutenção da OMC. Por outro lado, se a Europa tivesse tomates e fechasse as portas aos produtos baratos que vêm do oriente, os chineses esfomeados marchavam até cá, a pé, em três meses entravam pelas portas da Europa adentro e vinham-nos comer a carninha, até aos ossos, chupavam-nos o tutano e as cartilagens. Provavelmente nem deixavam os ossinhos.
A outra solução é manter a OMC e diminuir o horário de trabalho. Passamos a trabalhar 2,5 dias por semana, com metade do ordenado, e arranjamos emprego para os 50% de desempregados que muito brevemente existirão.
Nesse dia vais ser um homem feliz. Sais uma vez por mês com o teu Merc, de empurrão e uma vez por semana com o teu Smart, agora com um motor a água (do RIo Tejo) [vamos ter que nos virar], que não há dinheiro para mais.
Nesse dia, os franceses vão EXIGIR o CPE, de joelhos, mas o governo não lhes vai poder dar tamanho bombom.
E não penses que a solução é a Europa apostar na criatividade e inovação dos seus licenciados. O oriente consegue formar licenciados mais rapidamente que nós.
Eh… e eu que estava só a pensar em descanso, tens que vir aí com essa confusão toda do capital…
É curioso que na tua resposta tão curta uses o termo “capital”. Para além do nome de uma discoteca de Lisboa (kapital), é o nome de um livro do Karl Marx onde ele introduz o termo mais-valia, que é a diferença entre aquilo que o patrão ganha com o teu trabalho e aquilo que ele te paga.
Isso é uma coisa que me atinge muito fundo. Nesse aspecto sou absolutamente marxista. É por isso que nunca consegui ir trabalhar para uma empresa e sempre tentai trabalhar por conta própria. Dar aulas em universidades privadas é um meio termo, pois negoceio o pagamento/hora e não sou empregado da empresa. É uma actividade instável, devido í baixa do número de alunos, mas é o próximo daquilo que eu gostava de fazer mas não sei: ser pescador, ou agricultor.
Por outro lado, partilho a visão dos empregadores, que exigem que os trabalhadores produzam o mais que puderem, em vez de andarem pelos cantos da empresa a coçar a micose. Acho que um indivíduo que coloca no seu patrão a responsabilidade de lhe pagar um ordenado no fim do mês deve entregar-se ao trabalho, sem condições, como fazem os japoneses.
É por isso que não há partido para mim. Deus? Ou o Diabo?
Eu li “Das kapital”. Achei os personagens bi-dimensionais e a história um pouco enfadonha.
Quanto a trabalhar por conta própria: foi o que fiz durante seis anos. Infelizmente, juntei o empreendedorismo e independência a uma coisa chamada honestidade (ingenuidade?), palavra que não diz grande coisa ao chamado “tecido” empresarial português.
Depois de ser “ripped off” por fornecedores, parceiros e clientes, praticamente sem excepção, fui trabalhar para uma das maiores empresas nacionais. E enganas-te: o papel do trabalhador não é entregar-se ao trabalho, mas esquivar-se dele.
É que, quanto menos trabalhares, mais vale o teu salário. Se trabalhares muito, vais olhar para o dinheiro ao fim do mês e pensar: “só…?”
Claro!
Esse é o ponto de vista do trabalhador. Principalmente do trabalhador português.
Mas eu estava a falar do ponto de vista do empregador. O empregador quer um gajo que trabalhe por dois.
Mas há uma solução para trabalhar por conta própria, sem ser lixado por fornecedores, nem clientes. Um dias destes falo-te disso.
Ui… isso soa-me a herbalife, meu.
Não, não é herbalife! eh eh eh
Há várias soluções, ou pelo menos, perspectivas de solução.
Neste momento estou a tentar uma delas.
Lembras-te de eu te ter convidado para fazermos um jogo massivo para a net, há um ano?
Estou a fazê-lo neste momento, já bastante adiantado. O pessoal paga com paypal e, desde que o paypal não me engane, não há problemas com pagamentos de clientes.
Tenho os meus planos…
Fixe!
O que é preciso é não desistir.
Que 2 se juntaram para falar de trabalho e do (des)gosto pelo mesmo.
Trabalhar por conta própria ou não trabalhar nem por conta própria … por isso deu galho …
Mas agora vem o paypal e resolve tudo.
Fenomenal esta visão … e já agora, 2 dias de trabalho e 5 de fim de semana?
Mas para não ser negativista, aqui fica este texto
A IMPORTí‚NCIA DO ENTUSIASMO
Por: Jayme B. Garfinkel
A palavra entusiasmo vem do grego e significa ter um deus dentro de si. Os gregos eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses. A pessoa entusiasmada era aquela que era possuída por um dos deuses e por causa disso poderia transformar a natureza e fazer as coisas acontecerem. Assim, se você fosse entusiasmado por Ceres (deusa da Agricultura) você seria capaz de fazer acontecer a melhor colheita, e assim por diante. Segundo os gregos, só pessoas entusiasmadas eram capazes de vencer os desafios do quotidiano. Era preciso, portanto, entusiasmar-se.
Assim, o entusiasmo é diferente do optimismo. Optimismo significa eu acreditar que uma coisa vai dar certo. Talvez até torcer para que ela dê certo.Muita gente confunde optimismo com entusiasmo. No mundo de hoje, na empresa de hoje, é preciso ser entusiasmado. A pessoa entusiasmada é aquela que acredita na sua capacidade de transformar as coisas, de fazer dar certo. Entusiasmada é a pessoa que acredita em si. Acredita nos outros. Acredita na força que as pessoas têm de transformar o mundo e a própria realidade.
E só há uma maneira de ser entusiasmado. É agir entusiasticamente! Se formos esperar ter as condições ideais primeiro, para depois nos entusiasmarmos, jamais nos entusiasmaremos com coisa alguma, pois sempre teremos razões para não nos entusiasmarmos. Não é o sucesso que traz o entusiasmo, é o entusiasmo que traz o sucesso. Conheço pessoas que ficam esperando as condições melhorarem, a vida melhorar, o sucesso chegar, para depois se entusiasmarem. A verdade é que jamais se entusiasmarão com coisa alguma. O entusiasmo é que traz a nova visão da vida.
Nesta semana, gostaria de perguntar a vocês como vai o seu entusiasmo. Como vai seu entusiasmo pelo seu País, pela sua empresa, pelo seu emprego, pela sua família, pelos seus filhos, pelo seu sucesso e de seus amigos? Se você é daqueles que acham impossível entusiasmar-se com as condições actuais, acredite , jamais sairá desta situação. É preciso acreditar em você e nas outras pessoas. Acreditar na sua capacidade de vencer , de construir o sucesso, de transformar a realidade. Deixe de lado todo o negativismo. Deixe de lado o cepticismo. Abandone a descrença e seja entusiasmado com sua vida e principalmente entusiasmado com você. Você verá a diferença.
OK, é pena não haver em português uma palavra como bullshit.
Não há pachorra para estas discorrências new age cheias de boas intenções empacotadas em “boas ondas”. E ainda por cima, em brasileiro.
Macaco 1 – Tá bem tá – 0
Toda a razão. Se não fosse o “…para não ser negativista…” era mesmos um completo tiro no pé … assim foi “ao de leve”.
Mas “e ainda por cima, em brasileiro.” Resultado justo.
Pois é as pessoas queixam-se muito da carga horária dos seus empregos mas não se podem esquecer que nos países em vias de desenvolvimento as pessoas por vezes são tratadas como escravas, têm de trabalhar muito, muito mais do que aqui em Portugal!
Pois, mas eu cá vivo em Portugal e não me parece que é focando-nos nos problemas dos outros que as coisas melhoram.
É sempre a mesma história: quando o restaurante é mau, há sempre alguém a dizer: “tanta gente com fome em áfrica e tu queixas-te do bife duro?”.
Pois é, boa maneira de evitar lidar com o que temos í frente.