Saudades

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Estou a chegar ao fim de umas curtas férias, especialmente para descansar um pouco e fazer as inevitáveis compras de Natal. Inevitáveis, não porque sejam uma obrigação, mas antes, um prazer. Gosto de dar prendas tanto ou mais do que de as receber e o Natal é, todos os anos, uma excelente oportunidade de juntar ambos.

Mas este ano é diferente.
Ao longo dos dias de compras foi-se tornando cada vez mais evidente que algo não está a bater certo neste Natal e acabou por se tornar dolorosamente óbvio o porquê.

Todas as coisas que fazemos a dois, deví­amos estar a fazer a três.
O dia-a-dia regressou í  sua normalidade, mas na verdade, a nossa vida continua virada do avesso. O Alex teria agora três meses e eu não faço a mais pequena ideia de como é ter um bebé de três meses em casa. Não sei como é vesti-lo e dar-lhe banho, levá-lo a passear em Lisboa, com as ruas cheias de pessoas a fazer compras debaixo das iluminações coloridas.

Gostava de lhe comprar a primeira prenda de Natal e de ver a famí­lia reunida í  volta dele, o seu mais recente membro. Mas a única coisa que tenho são imagens falsas, que inventei, de coisas que nunca aconteceram e das quais não tenho sequer experiência. Invento histórias e momentos na minha cabeça, simplesmente porque não consigo evitar fazê-lo.

Há dias em é mais fácil fazer parecer que nunca aconteceu nada e outros é que é bastante mais difí­cil, mas nunca há um único dia em que não pense no meu bebé.

Tenho saudades tuas, puto.

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5 comentários a “Saudades”

  1. Anne says:

    Olha Macaco, eu tenho duas filhas hoje com 14 e 12 anos, mas há 12 anos perdi uma filha com 11 dias de sobrevida (uma das gêmeas), de lá pra cá tudo perdeu sentido, como todas as festas familiares que nos fazem lembrar principalmente de entes queridos perdidos, ainda mais um filho! Essa dor da perda de um filho é irreparável, infelizmente, mas vamos tocando sempre a vida para frente com uma saudade enorme de querer saber como seria!
    Um abraço pra ti!

  2. Eva says:

    Caramba … este post abriu as comportas … estou aqui feita parva a chorar em frente ao monitor. Força P. muita muita força …

  3. Elso Lago says:

    Apenas uma palavra de força e de coragem.

    Boas Festas.

  4. Guilherme says:

    estava procurando a história dos três macacos sábios – aqueles que nada ouvem, dizem ou enxergam – quando li o seu texto (bendito google)

    não sei exatamente como é perder um filho, mas minha mãe perdeu um, que era meu irmão gêmeo, e percebo quanta falta ele faz a ela.
    a mim, ao contrário do que se poderia a princí­pio supor, também faz falta o irmão gêmeo que tive por apenas 8 dias, mas é um sentimento diferente. parece que eu o sinto, uns dias mais forte, outros menos, mas sempre que preciso ele me parece próximo.

    coragem e felicidades,
    guilherme

  5. tenho a certeza que terias dado e darás um excelente pai. É emocionante ler o teu blog pq é pouco usual for a man to have such deep feelings and talk openly about them. Ainda bem que existem homens como tu, que não têm medo de demonstrar as suas fragilidades. Muita força para ti e sempre que chegares a casa dá um beijinho í  Dee, pq deve estar a ser mt duro tb para ela.

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