Finalmente está a começar a ficar frio de manhã e de noite. Falta o resto do dia, mas eu sou paciente.
De manhã cedo, já quase me doem as orelhas ao atravessar Cacilhas para chegar aos barcos e í noite, a temperatura desce aos 10 graus, fazendo do edredon um bom amigo. Durante o dia, porém ainda tenho calor, tendo que passar o tempo de t-shirt. A coisa é piorada pelos psicóticos que, ao mínimo sinal de descida da temperatura, ligam os aquecimentos nos edifícios.
O tempo está simpático e tenho tido sorte de conseguir ver chuva apenas pela janela (which is very nice) e poder dar uns passeios a pé, de Picoas ao Parque, para apanhar a linha azul, com calma e o vento fresco na cara.
Parece que duas pessoas se vão voltar a juntar. Fico feliz por eles. Sobra uma máquina de lavar que não se importa nada de ser espectadora dos tropeções da vida.
Há cerca de 12 anos atrás, joguei um jogo absolutamente fantástico de uma assentada só. Depois de sete ou oito (ou mais?), horas a jogar sem parar, saí para passear o cão e senti-me tonto e um pouco fora da realidade… ao fim de cinco minutos na rua estava mal disposto.
O jogo chamava-se Doom e era a nova produção da id Software, a empresa que nos dizia “get psyched” antes de cada novo nível do pioneiro Wolfenstein 3D. O jogo passava-se em Phobos e Deimos, numa base de pesquisa onde algo tinha corrido mal com experiências envolvendo teletransporte.
Em resumo, os cientistas tinham aberto um portal para o inferno e as mais variadas criaturas monstruosas populavam agora a base da United Aerospace Corporation, ombro a ombro com os zombies dos ex-guardas de segurança. O ano era 1993 e depois de jogar e re-jogar o Doom e, mais tarde, Doom II: Hell on Earth, comecei a ter cada vez mais convicção que os jogos podiam dar um excelente filme de ficção científica.
Doze anos depois, estreou nos cinemas o filme “Doom”. Não graças a mim, mas muito provavelmente, graças a muitas pessoas como eu no mundo inteiro que se tornaram fans incondicionais, não só de Doom, como da id software que, lado a lado com a Valve, continua a ser a melhor produtora de first person shooters do mercado, com a vantagem de ter introduzido o género.
Fui ver o filme.
Esse foi o meu primeiro erro.
O filme não é mau… é péssimo. Tirando a (curtíssima), sequência passada na primeira pessoa, que é original e transporta algum do sabor do jogo para o cinema, quase nada se aproveita.
Spoilers ahead.
O filme é baseado na série Doom, mais especificamente no último e absolutamente fantástico jogo da série: Doom III, mas ninguém diria… Uma das características do jogo que qualquer pessoa nota imediatamente é a solidão do marine que tem que percorrer dezenas, senão centenas, de salas e corredores, em busca da vitória final sem qualquer ajuda. No filme, os produtores optaram por uma equipa de marines. OK… não digo que não seja um ponto discutivel… para o filme, um só personagem arrastando-se por corredores infinitos poderia perder o interesse, mas de que serve então uma equipa de marines que praticamente não faz nada o filme inteiro? Não percebi o que eles estavam lá a fazer.
Mas o mais importante não é nada disto… poderia perder-me em pormenores infinitos que não são importantes e que poderiam ter sido alterados para que o filme funcionasse melhor. Afinal, trata-se de uma adaptação e se o que queremos é o jogo então… mais vale ficar em casa a jogar.
O problema é que a base de toda a premissa do jogo… e essa premissa é bem simples, foi modificada de tal maneira que o filme bem podia ser chamado “Beastly creatures from Mars”. No jogo, os cientistas da UAC libertam as criaturas do inferno (ou de outra dimensão, se assim preferirem), que destroem completamente a base em Marte, matando quase toda a gente. No filme, cientistas da UAC conduzem experiências secretas de melhoramento da espécie através de cromossomas sintéticos!
Não é a mesma história sequer. No jogo, o marine solitário tem que combater criaturas infernais com um único pensamento em mente: matá-lo. No filme, acaba por se descobrir que, afinal, os monstros são apenas humanos que sofreram mutações.
O problema disto tudo é que eu sei perfeitamente porque é que o filme é assim: é porque para os americanos, a palavra “hell”, CENTRAL a toda a série de jogos chamados “Doom”, é dos piores palavrões que se podem dizer.
Vi, há algum tempo, uma entrevista com o realizador do filme “Spawn” que dizia que pelo simples facto do filme dele incluir a palavra “inferno” (para quem conhece o comic, sabe perfeitamente que o Spawn não pode existir sem o conceito de inferno), o rating subia imediatamente para maiores de 16 ou coisa do género.
Portanto, ao fim de 12 anos í espera de um filme baseado no Doom, tive – sem grande surpresa, diga-se – uma desilusão. Quem sabe, talvez um dia alguém recrie a guerra contra os Stroggs do Quake 2 e 4, num bom filme… em vez de mau.
Quem me conhece sabe que já vivi várias aventuras í custa do meu intestino. Houve a vez que tive uma diarreia explosiva na casa de banho do estúdio fotográfico de um potencial cliente. Houve aquela outra em que tive que parar na estação de serviço a meio da auto-estrada para ir a uma casa de banho nojenta. E outras aventuras, algumas das quais do conhecimento apenas de um selecto grupo de pessoas. Digo só isto: ainda bem que já vendi o Fiat Punto.
Hoje foi novamente dia de sofrimento colónico.
Ontem resolvi assar umas magníficas castanhas que a minha mãe me deu, vindas da minha avó e que, ao que constava, eram uma maravilha. Recebi um aviso sábio da minha mulher: amanhã vais estar cheio de dores de barriga e tens que ir trabalhar.
Tudo bem – pensei eu – como só algumas. Decidi então fazer 24 castanhas, precisamente 12 para cada um. Mas como adoro castanhas – e aquelas tinham um fantástico aspecto – optei por 30 castanhas, 15 para cada um.
Por problemas recentes com os dentes e as gengivas, a Dee não conseguiu comer muitas castanhas, pelo que eu pensei… 15, 16… 18, qual é a diferença? Não são muitas.
Mas castanhas não são precisas muitas.
Hoje, saí para almoçar com os meus amigos Gustavo e Fernando. O Gustavo precisava de comprar uma coisa na Worten, pelo que nos metemos no Golf do Fernando e fomos até ao Vasco da Gama. Fomos, comemos um bife na Portugália, o Gustavo comprou o que tinha a comprar. Até aqui tudo bem.
Tudo óptimo enquanto ainda estava dentro de um raio aceitável de uma casa de banho pública. Foi apenas quando o carro deixou o parque de estacionamento subterrâneo que a dor me atingiu. Tentei levar a coisa nas calmas, fiz uns comentários sobre gases e soltei uma amostra para por toda a gente í vontade com a possibilidade real de eu me borrar todo a meio do caminho.
Num carro com três homens, um peido é motivo de grande diversão e esta chegou para me descontraír, pelo menos durante a passagem por Chelas. Quando chegámos í Alemeda, comecei a ver a luz ao fundo do túnel, mas já era tarde.
Apesar de pertíssimo do nosso destino, em Picoas, o meu intestino não ia dar-me tréguas. A dor aumentou significativamente e comecei a sentir que não ia conseguir controlar o esfíncter que controlo há mais de 30 anos.
Os meu amigos, como bons amigalhaços que são, aproveitavam para gozar comigo í grande e í francesa. E eu só lhes pedia que se calassem. Mas claro… não se calaram. Eu teria feito o mesmo.
Ao passar o Técnico, fez-se luz na minha alma torturada: um restaurante!
Comecei a gritar com o Fernando para que parasse o carro e ele, sem perceber bem o que é que eu ia fazer quando ele parasse, lá encostou. Saí a correr para o tal restaurante que, reparei quando entrei, era uma espelunca minúscula e suja. Numa parede dizia “WC” e, por baixo, tinha um lavatório. Pensei que estava acabado… o WC ali era simplesmente um lavatório e eu ia borrar-me pelas pernas abaixo.
Perguntei ao velhote atrás do balcão, já com pouca esperança, se tinha casa de banho… ao que ele me disse que sim, era lá em cima. O meu mundo ressuscitou! “Mas vai lá aquele senhor”, acrescentou o velhote.
Olhei, horrorizado, enquanto um septuagenário subia lentamente a estreita escada de caracol que levava í minha salvação. O que fazer? Vou atrás dele… espero, só mais uns segundos!
Subi, atrás do homem que se arrastava pelos degraus e lá em cima recuperei a esperança: havia duas casas de banho: homens e mulheres. Entrei rapidamente na das mulheres, acendi a luz, baixei as calças e… Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaleluia! Só quem nunca passou por isto é que não compreende o alívio que é. Independentemente do aspecto ranhoso da espelunca, independentemente do chão da casa de banho molhado com uma substância mais ou menos gelificada, apesar de ter dois colegas de trabalho no carro, lá fora, a pensar que eu não bato bem da cabeça, senti-me como se estivesse no paraíso.
Foi então que percebi que não havia papel higiénico.
Finalmente está a começar a ficar frio de manhã e de noite. Falta o resto do dia, mas eu sou paciente. De manhã cedo, já quase me doem as orelhas ao atravessar Cacilhas para chegar aos barcos e í noite, a temperatura desce aos 10 graus, fazendo do edredon um bom amigo. Durante o dia, […]
Parece que duas pessoas se vão voltar a juntar. Fico feliz por eles. Sobra uma máquina de lavar que não se importa nada de ser espectadora dos tropeções da vida.
Há cerca de 12 anos atrás, joguei um jogo absolutamente fantástico de uma assentada só. Depois de sete ou oito (ou mais?), horas a jogar sem parar, saí para passear o cão e senti-me tonto e um pouco fora da realidade… ao fim de cinco minutos na rua estava mal disposto. O jogo chamava-se Doom […]
Quem me conhece sabe que já vivi várias aventuras í custa do meu intestino. Houve a vez que tive uma diarreia explosiva na casa de banho do estúdio fotográfico de um potencial cliente. Houve aquela outra em que tive que parar na estação de serviço a meio da auto-estrada para ir a uma casa de […]