Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Aqui vai um esclarecimento sobre a minha filosofia sobre o direito de voto.
Eu vivi 10 meses em ditadura, não tenho a mínima noção de como é a vida sob um ditador. No entanto, conheço na teoria o que é uma ditadura e pelos dados que me estão disponíveis e uma experiência de dez meses em que não podia mijar a fralda sem ter a PIDE í perna, posso dizer que ditadura igual a mau.
Portanto dou muito valor í democracia que, como alguém dizia, é o pior sistema que conheço, mas infelizmente, é o único.
Votar é importante. E eu voto. Mas no meu ponto de vista, o voto branco e/ou nulo é tão ou mais importante que o voto num partido ou candidato.
Tenho ouvido pessoas perguntar-me porque desperdiço um voto, votando nulo. Eu não desperdiço voto nenhum, aí é que está. Eu voto contra todos os candidatos que me são apresentados. Quando voto nulo, estou a dizer que, por mim, podem ir todos para a polinésia esculpir pirogas que nós por cá, ficamos melhor.
Pensando melhor, preferia ir eu para a Polinésia viver da construção de pirogas…
Mas divago… o importante a ter em conta aqui é que o voto nulo é uma forma de votar como qualquer outra. Não me revejo em nenhuma candidatura nem manifesto eleitoral. Quando concordo com ideias expressas em programas eleitorais imediatamente a seguir penso que não passam de teorias que nunca serão postas em prática.
E invariavelmente é assim: quando um partido chega ao governo, de repente, as promessas eleitorais tornam-se coisas complicadas e que não podem ser bem assim e não foi bem isso que nós dissemos. E toda a gente sabe isto.
Então pergunto-me: porque é que toda a gente continua a votar nos mesmos partidos e nas mesmas pessoas?
Imaginam o que seria se todo o país votasse nulo nas próximas eleições?
eu costumo votar branco :)
O Saramago já teve essa ideia.
Estou de acordo contigo.
O que não suporto é ouvir críticas de quem nem sequer vai votar.
Se eu votar em branco ou nulo, estou a dizer que me dei ao trabalho de lá ir e exercer o meu direito.
Se eu me abstiver, as razões são sempre : prefiro ir ao Corte Inglés comprar caramelos, ou, no caso do referendo do aborto, a praia estava óptima. Referendo?, qual referendo?
É aquela boa maneira portuguesa de ser.
O paco tirou-me as palavras. Parece que estás na mesma linha do Saramago.
A única coisa que censuro í s pessoas que votam nulo ou branco é que não têm o direito de reclamar. É evidente que quase todos, quando chegam ao poleiro, são a mesma coisa que os que lá estiveram. Mas há uns mais iguais que outros. Não sou comunista nem bloquista, mas hei-de sempre lutar para que a direita não ganhe. Seja para PR, para o Governo, para as autarquias, para o Parlamento Europeu. Cada vez mais caminhamos para uma sociedade de intolerâncias e racismos. E não quero que volte novamente a sombra da direita. Nem aqui, nem no resto da Europa.
Quanto í s abstenções: acho que é pura preguiça. E não perdoo. Como não perdoo todos aqueles (e aquelas) que foram para a praia e não votaram no referendo do aborto.
Sabes que mais? Os portugueses ainda não sabem o que é a Democracia. Ficam assustados quando alguém levanta a voz e reclama. Ainda têm medo de reclamar. Passamos a vida a queixar disto e daquilo e nunca nos mexemos.
Ainda assim, gosto deste cantinho. Somos todos doidos!
Eu cá (apesar da politica não ser de todo o meu forte) também concordo que votar em branco é a melhor forma de lhes mostar que nenhum deles presta…
Tenho pena que pareça o Saramadgo, não suporto o velho cobardolas.
Bem, eu ás vezes voto nulo. Nunca branco. Por vezes tenho de largar a cruz fora do quadrado (geralmente ao lado do partido ou candidato que eu detesto!) í¨ o que os partidos me obrigam a fazer! Não tenho culpa que as hipóteses por vezes sejam tão ridiculamente más, como por exemplo nas próximas presidenciais. Nesse boletim estou a pensar votar em grande! Talvez uma cruz em cada um deles… será que conta?
Para mim votar nulo ou branco é um voto tão (ou mais!) digno como outro qualquer… É sinal que te deste ao trabalho de ir votar mesmo considerando que são todos uns palhaços. E dou os parabéns a todos os que o fazem. Quem não se digna a perder 1 hora da sua vidinha p ir votar em qlq coisa é que não dignifica a democracia em que vive.
Desde que tenho direito a votar, sp votei, nulo, branco, com 1 poema, 1 insulto ou em alguém.
Por mim voto. Escolho, dentro do que me é apresentado. Mas tenho sempre memória, nunca me esqueço, e continuo a lutar pela Liberdade! Sempre!
Meus caros. Para efeitos de contagem de votos e de “marcação de posição”, branco ou nulo é exactamente a mesma coisa, mas enquanto que o branco é simplesmente um branco, um nulo implica uma burocracia adicional para o pessoal da mesa – dois ou tres papeis a mais que se têm de preencher e uma viagem adicional í Junta ou Camara.
Portanto, se não gostam dos candidatos, vão lá marcar presença e deixem o papel branco. Multiplas cruzes ou desenhar bonecos não são piada para ninguem.
Uma vez perdemos quase meia hora a discutir se uma cruz na horizontal (“+”) era valido ou não, ou se um papel com uma cruz perfeitamente valida, mas com um risco acidental num canto (descuido de alguma pessoa de idade provavelmente) era válido ou não.
O pessoal da mesa é civil e não tem nada culpa. Por favor, simplifiquem-lhes a vida.
Epá e eu que me dou a um trabalho enorme de escrever poemas nos boletins!
Compreendo muito bem todos os argumentos e a diferença que existe entre o branco e o nulo – pelo menos para o votante. O que desconhecia era as burocracias extra para quem está na mesa. :)
No entanto, votar em branco ou nulo não significa também dizer que todos os candidatos são iguais? Que são igualmente maus, não havendo nenhum menos mau que os outros? Um deles vai ser eleito. É completamente indiferente qual?
Por outro lado, votar em branco ou nulo não significa também dizer que deixo os outros votantes decidirem por mim?
Não sei.
Para mim, votar nulo ou branco significa que todos são iguais, ou seja, igualmente maus. Significa também que as diferenças entre eles não são suficientes para merecer um voto válido da minha parte.
Santana Lopes era muito pior que Sócrates. Tão pior, que eu votei no Sócrates, apesar de não nutrir qualquer simpatia por ele. Votei, claramente, contra Santana Lopes.
Caso não tenha um sentimento especialmente forte por um dos candidatos (no caso de Santana, nojo), não vejo que valha a pena votar em nenhum.
Estamos na era da urna eletrí´nica. Votem do geito que quiserem!!!
A palavra é “jeito”, escreve-se com a letra “J”.
Eu cá acho que quem acredita na Democracia tem de ir votar, mas se
quiser definitivamente dizer que não se revê em nenhuma das propostas apresentadas nem lhes reconhece valor ou credibilidade, então devia fazer uma cruz a toda a largura do boletim.
Este claro sinal de rejeição não se confunde com displiscência, descuido, brincadeira ou outras, embora na prática, estes votos fossem igualmente contados com os brancos e restantes nulos.
A ideia das pirogas é minha! Devolve-ma de imediato!
Não passas de um reles gatuno de ideias!
A mim as pirogas, sempre!