Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Hoje sonhei com o Alexandre.
Estavamos em casa, com a família toda, para o ver. Ele tinha longos cabelos pretos, ondulados e olhos castanhos e eu estava ajoelhado ao lado da cama a falar com ele. Já não era um bebé recém-nascido, tinha sete ou oito meses, talvez.
Todas as pessoas falavam umas com as outras e comentavam o Alex e eu estava perto e quase senti o calor da pele dele.
Depois acordei e tive mais um dia idiota, numa série de dias idiotas que se prevê infinita.
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E o dia que não fí´r idiota, que atire a primeira pedra…
Passei por tudo isso há seis anos, quando perdi a minha primeira filha aos sete meses de gravidêz. E venho aqui para dizer que nada… mesmo nada ajuda, a não ser o tempo. A dor nunca passa, atenua.
Desejo-lhes o melhor, e que encontrem outra vez essa felicidade que foi vossa tão pouco tempo. Eu encontrei… Hoje sou mãe de uma filha com quase 6 anos, mas a outra continua a doer cá dentro, numa dor fininha que é só minha.
Obrigado pela coragem de partilhar este Blog.
Pedro:
Eu hoje também sonhei com o vosso Alexandre…
Após uma licença de maternidade de 6 meses voltei ao trabalho e voltei a espreitar o teu blog e o da Dee e, de repente, fiquei em estado de choque.
Voltei para casa e olhei para o meu Rodrigo com muito amor e alguma estranheza, pensando que temos tudo como se fosse garantido e não nos apercebemos de que a vida é, verdadeiramente, um milagre.
Nada do que se possa dizer atenua a dor de perder um filho, nem mesmo o nascimento de outro filho. Nunca se percebe o propósito de tal acontecimento, não temos uma pessoa a quem inflingir a culpa, não nos tornamos melhores nem mais fortes depois dessa perda. Acredito que passem a ver a vida com outros olhos, isso sim…
Não vos conheço pessoalmente, sou uma mera curiosa que gosta de espreitar os vossos blogues, mas ontem fui para casa inquieta, entristecida, perturbada. A minha noite foi de um sono revolto e sonhei que o vosso Alexandre, afinal, tinha nascido bem.
Desculpa se não faz muito sentido o que digo, não te quero maçar mais porque as palavras não ajudam neste momento. A única coisa que vos desejo é que continuem fortes e unidos como casal, que se apoiem mutuamente neste momento de angústia e que a vida, aos poucos, vá seguindo o seu rumo.
A Dee tem a angústia de ter tido o Alexandre nove meses dentro dela e de neste momento ter os braços vazios, o peito a pingar de leite… Tu tens a angústia de não teres tido tempo de viver momentos de intimidade com o teu filho, de não teres tido tempo de o conhecer. Apoiem-se, falem um com o outro porque calar não é a melhor solução. Percebo um milésimo da vossa dor porque sou uma mãe muito recente e porque há uns anos tive um aborto espontâneo que me deixou de rastos. Ajudem-se um ao outro a apanhar os cacos, a tentar minimizar as feridas…
Felicidades, na medida do possível,
Catarina.
Pedro e Dee,
Não me perguntem porquê, mas não há dia que não pense em vocês. Se fosse possível, pedia-vos para me enviarem a vossa dor. Eu ajudaria a suportar e, assim, pesava-vos menos. Por vezes, até receio vir aqui. Porque sinto a vossa dor e vêm-me lágrimas aos olhos. Tudo o que vos aconteceu perturbou-me. Como se vocês, de alguma forma, fossem meus irmãos.
Um xi-coração apertado para os dois.
é um momento de cada vez, a breath at a time…
beijos e abraços para os dois
Queridos Pedro e Dalila:
Não há dia em que não pense em vocês. Todos os dias penso que poderia telefonar-vos ou falar com o Artur ou com a Mila, mas as palavras entopem-se-me na garganta. Não saberia o que vos dizer. Tenho sabido de vocês através da Bela. Cá em casa ficámos em choque quando soubemos a notícia e, ainda, estamos.
Só agora a ver o teu blog e o da Dee arranjei coragem e palavras para as escrever. Não vou dizer nem frases feitas nem outras quaisquer, só quero que saibam todos os dias pensamos em vocês e esperamos ardentemente que os dias idiotas passem depressa, para os dias iluminados chegarem rápidamente.
Um grande beijo cheio de carinho de nós todos e esperamos vê-los em breve.