Ao que parece, hoje é halloween. São dez da noite, a Dee está no banho a tentar esquecer um dia difícil e eu estou aqui sentado a viciar-me no Konfabulator.
Começam a tocar í porta furiosamente. O meu cérebro dispara com possibilidades de emergências diversas e corro para a porta. Eram dois putos mascarados… mas que merda é esta?
Em que país estamos, afinal? De quem foi a ideia de importar uma celebração que não tem qualquer significado no nosso país? Que se seguirá? O dia de los muertos mexicano?
Bom… se pensarmos bem, o Carnaval, um pouco por todo o país, mais não é que uma mímica des-cerebrada do que se passa no Brasil (embora lá seja Verão e cá, Inverno).
Eu nem me lembro que é halloween, o que é que é suposto eu fazer? Dar doces í s crianças?
Sou capaz de apostar que tudo isto começou com uma reunião de administração de uma qualquer empresa… de chocolates, por exemplo. Alguém se lembrou que se tivéssemos Halloween no nosso país, seria mais uma oportunidade para aliviar os tansos do seu dinheiro.
E de facto, está a tornar-se cada vez melhor negócio: agora já se vendem máscaras, papelinhos, bisnagas de água e serpentinas duas ou três vezes por ano… carnaval, ano novo e agora o halloween.
Costumo dizer, meio a sério, meio na brincadeira, que o marketing é a representação do Mal na Terra. Sem implicações bíblicas. O Mal, simplesmente, como ele foi já representado por Hitler ou Pol Poht. Mas confesso que já achei mais piada a esta frase… começo a preocupar-me.
Uma destas noites sonhei que tinha quarenta e tal anos. Não sei quantos, ao certo, mas o sonho era pouco mais do que eu surpreendido por estar de repente com mais de 40 anos.
Passava o tempo a tentar explicar í s pessoas que tinha 32 e não 40 e tal e que devia ter havido um engano…
Acho que não podia ser mais evidente se tentasse: sinto-me a perder tempo, como se espremesse os dias e não saísse nada. Será que um dia vou mesmo acordar e ter 40 anos?
“Time”, Pink Floyd
Ticking away the moments that make up a dull day You fritter and waste the hours in an offhand way Kicking around on a piece of ground in your home town Waiting for someone or something to show you the way
Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain And you are young and life is long and there is time to kill today And then one day you find ten years have got behind you No one told you when to run, you missed the starting gun
And you run and you run to catch up with the sun, but it’s sinking And racing around to come up behind you again The sun is the same in a relative way, but you’re older Shorter of breath and one day closer to death
Every year is getting shorter, never seem to find the time Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines Hanging on in a quiet desperation is the English way The time is gone, the song is over, thought I’d something more to say
Home, home again I like to be here when I can And when I come home cold and tired Its good to warm my bones beside the fire
Far away across the field the tolling of the iron bell calls the faithful to their knees to hear the softly spoken magic spell
Antes do Alex, a minha vida estava mais ou menos orientada… não se pode dizer que tivesse grandes ambições, mas sabia o que estava a fazer. A coisa baseava-se basicamente no meu trabalho que me ocupava horas suficientes para eu pouco mais fazer.
Depois, í medida que ele crescia na barriga da mãe, fiz espaço para ele. Senti-me com um projecto e com um objectivo. Ia deixar de ser o Pedro que era há coisa de 10 anos pouco mais ou menos, quando saí da Faculdade e resolvi tornar-me adulto a sério e ia passar a ser o Pedro “agora é que é mesmo a sério”. Ia ser pai e sabia que ia ter que aprender muito e passar por muitas experiências novas.
Mas estava pronto para todas elas. Talvez não preparado, mas pronto para as receber. E quando o perdi, fiquei com um buraco… um vazio com o qual não sei bem o que fazer. Não perdi de vista o projecto, mas o espaço que criei está aqui agora… talvez venha a precisar dele daqui a dois anos, mas neste momento não sei o que fazer com ele.
Como é possível amar tanto alguém que nunca vamos conhecer?
Quando era adolescente e saía um novo LP do Mike Oldfield ia comprá-lo e ficava a noite toda a ouvir a música. Quando decidia ir-me deitar um bocadinho, os meus pais estavam a levantar-se para ir trabalhar.
Já tive fases melhores e piores. Há uns anos atrás, passei por uma altura em que dormia 4 horas por semana, uma hora num dia, nada no outro, talvez duas no seguinte… nunca prefazendo mais do que 6 ou 7 horas numa semana inteira, sendo o meu record 4.
Depois melhorei um bocado, também com alguma ajuda química e com o meu novo horário mais rotinado a dar uma mão. Mas não se pode dizer que tenha o meu sono regulado.
Durante esta última semana, não tenho dormido mais que quatro horas por noite e estou completamente de rastos. Agora, são dez para as três da manhã, daqui a pouco mais de quatro horas e meia tenho que me levantar para ir trabalhar e embora o Victan que tomei já me tenha acalmado bastante a ansiedade cavalgante com que estava há bocado, deitado na cama, a tentar lutar, ainda não me sinto confiante em voltar a tentar adormecer.
Quantas horas serão hoje? Três? Não sei… mas sei que vou tentar dormir no fim de semana, ou que pelo menos o vou passar a dormir em pé. Mas não vai chegar, são precisas muitas horas de sono para recuperar as perdidas e portanto, segunda-feira, recomeça o ciclo.
Sabem do que eu preciso? De me reformar milionário numa casa í beira mar. Isso sim, era de homem.
Ao que parece, hoje é halloween. São dez da noite, a Dee está no banho a tentar esquecer um dia difícil e eu estou aqui sentado a viciar-me no Konfabulator. Começam a tocar í porta furiosamente. O meu cérebro dispara com possibilidades de emergências diversas e corro para a porta. Eram dois putos mascarados… mas […]
Uma destas noites sonhei que tinha quarenta e tal anos. Não sei quantos, ao certo, mas o sonho era pouco mais do que eu surpreendido por estar de repente com mais de 40 anos. Passava o tempo a tentar explicar í s pessoas que tinha 32 e não 40 e tal e que devia ter havido […]
Antes do Alex, a minha vida estava mais ou menos orientada… não se pode dizer que tivesse grandes ambições, mas sabia o que estava a fazer. A coisa baseava-se basicamente no meu trabalho que me ocupava horas suficientes para eu pouco mais fazer. Depois, í medida que ele crescia na barriga da mãe, fiz espaço […]
Tenho insónias desde que me lembro… Quando era adolescente e saía um novo LP do Mike Oldfield ia comprá-lo e ficava a noite toda a ouvir a música. Quando decidia ir-me deitar um bocadinho, os meus pais estavam a levantar-se para ir trabalhar. Já tive fases melhores e piores. Há uns anos atrás, passei por […]
Agradeço a boa vontade de todas as pessoas que me têm aconselhado a dar passeios e coisas assim. Nada disso faz qualquer espécie de sentido. Tentem compreender… nada distrai, nada compensa e essa coisa de que o tempo cura, é tanga. Gostava que compreendessem isso. Nem sei explicar por palavras o quão inadequado tudo isso […]