Publicado em , por macaco
Ultimamente ando em modo high-fidelity outra vez. High-fidelity é um livro do Nick Hornby, em que o personagem principal tem uma loja de discos e gosta de fazer listas. A história roda mais ou menos à volta da lista das separações mais estrondosas do personagem e está muito ligada à música.
Eu gosto apaixonadamente de música e gosto de fazer listas. Mas custa-me à brava conseguir fazer, por exemplo, um top 10 das melhores músicas pop. E por pop entendo tudo, é a distinção que faço entre, por exemplo, a música sinfónica e a música tocada por quatro gajos com guitarras e uma bateria. É mais fácil assim: Nirvana é pop, Britney Spears é pop, os Beatles são pop, Metallica é pop. Porque senão era uma chatice, porque na verdade, Metallica é Heavy Metal e aàiam começar as listas de Heavy Metal, as listas de Rock, as listas de Indie e por aàfora.
Portanto, tudo no mesmo saco, para facilitar.
Então quais são as 10 melhores músicas pop de sempre?
Não só é difícil decidir por mim próprio, como de certeza absoluta que qualquer lista que eu faça levantará os mais diversos cantos de boca e franzirás as mais variadas sobrancelhas em quem as leia.
E escolher só dez é quase impossível… podia escolher agora mesmo dez e serem todas dos Beatles, não era difícil. Difícil é não incluir uma dos Beatles nas dez melhores, mas difícil também é escolher uma só.
E se eu incluir uma dos Beatles… posso incluir uma do Lennon a solo?
Isto é um problema do caraças e ainda só falei dos Beatles. Se formos, por exemplo, para a Motown, o que é que um gajo faz? É só músicas boas! Enchia a lista toda só com canções da Motown. Estava tramado. E é assim com muita coisa… porque a música, simples no seu sistema de 12 notas, parece ter combinações e variações infinitas. Até a mesma música pode ser re-interpretada vezes sem conta de formas diferentes, tornando a nossa vida complicadíssima, quando se trata de fazer tops.
Talvez por existir uma dificuldade em catalogar música desta forma, muitas pessoas escolhem fechar-se num pequeno mundo arrogante, que se agarra a um estilo e despreza todos os outros. Isto simplifica a vida a muita gente e tem o seu mérito: essas pessoas não andam a bater cmo a cabeça nas paredes porque descobriram mais uma banda que gostam e vão ter que fazer espaço para mais uma daquelas músicas que pertence a um top das dez melhores que está cheio até acima.
Ou as pessoas são simples e básicas e gostam de Heavy Metal e desprezam tudo o resto, ou são intelectuais e sofisticadas e agarram-se ao Jazz fechando os ouvidos ao que sobra. Ou talvez seja ao contrário… porque não há-de o Heavy Metal ser intelectual e sofisticado e o jazz simples e básico…?
Bom, isto adensa-se… E assim não vamos a lado nenhum.
Um método que me ocorre que pode simplificar a construção desta minha – quase impossível – lista, é o da discussão. Isto é, proponho a mim mesmo uma música e proponho-me discutir se a mesma teria direito à lista.
Poderíamos talvez começar com uma lista provisória e ir eliminando músicas e adicionando outras, tentando chegar à lista final… é uma possibilidade a explorar, mas por agora fico-me pela teoria. Mais tarde, passarei à prática.