Publicado em , por macaco
Há um prazer especial quando somos analfabetos e conseguimos escrever o nosso nome pela primeira vez. A maioria de nós não se lembra desse momento, porque éramos crianças. Se formos o Santana Lopes, não nos lembramos desse momento, porque ele ainda não chegou.
Mas esse momento, revivi-o agora mesmo… e que prazer! Não imaginava que pudesse saber tão bem. Ontem decidi ir a um FTP sacar uma iso do Gentoo. Para quem não sabe e não se quer dar ao trabalho de seguir o link, Gentoo é uma distribuição de Linux. Saquei a coisa e gravei um CD.
Hoje peguei no Frankenstein, um computador que tinha construído de bocados de outros computadores, já há uns tempos, mas que nunca tinha usado para nada. e depois de umas voltas, lá animei o gajo… it’s alive!
Bootei-o com o live CD de Gentoo que ontem tinha cuidadosamente preparado para o evento. Tudo bem… mas nada de placa de rede. Frustração.
Frustração esta que apenas veio contribuir para o prazer que se seguiu. Depois de algum tempo, mas ajudado pela documentação do Gentoo que é verdadeiramente excelente, consegui ir ao Google. De: nada de detecção de placa de rede para ir ao Google… em Linux, sem perceber grande coisa daquilo, foi para mim como escrever o meu nome pela primeira vez na vida.
modprobe sis900 (placa ranhosa encontrada no fundo de uma caixa ao sol na varanda), para carregar a driver da placa de rede.
vi /etc/resolv.conf para adicionar os nameservers da netvisão.
ifconfig eth0 192.168.0.6 broadcast 192.168.0.255 netmask 255.255.255.0 up, para dar um ip, broadcast address e netmask ao interface ethernet 0
route add 192.168.0.6 gw 192.168.0.1, para configurar o meu router como gateway e… bingo!
Funcionou! Que gozo me deu!
Mas também fiquei impressionado com a documentação fornecida, é verdadeiramente clara e exaustiva… eles começam com o mais simples… faz assim: é a maneira automática, mas se não der, podes fazer assim ou assim, ou assim… e se ainda não der, senta-te aàque a gente explica-te o que é um ip, um broadcast e um netmask, a gente explica-te o que é um gateway, como funciona o ifconfig e o route e no fim, tu configuras isso tudo à mão. Brilhante.
Bom, o passo seguinte é preparar o disco para a instalação e em vez de estar chateado e frustrado (como é habitual quando se tenta instalar o software de raiz em qualquer computador), estou entusiasmado com o passo seguinte.
Bom… o Frankenstein só tem 32, dos 64 Mb de RAM que o Gentoo precisa para correr, mas por agora, vou fingir que não li essa parte ;)