Publicado em , por macaco
No dia 25 estava sentado em casa dos meus pais, a ver o Benfica sofrer frente ao Guimarães para tentar não se afundar ainda mais na tabela… enfim, daquelas coisas.
Tinha acabado de ser golo e o jogo estava quase a acabar, as coisas corriam tão bem quanto podiam estar a correr num jogo mau e desinteressante, ainda por cima à chuva, num campo nojento, coberto de lama.
E então, depois de um cartão amarelo patético, apanágio dos árbitros portugueses, o Fehér, dobrou-se para a frente, na sala alguém disse “belo rabo, hein” e depois ele caiu para trás, morto. Ficámos todos mais ou menos aparvalhados.
Todos os dias morrem pessoas, é um facto. Pessoas jovens ou idosas, adultos e crianças, mulheres e homens, mas por qualquer razão, toda aquela cena me deixou um bocado chocado com reacções que não sei bem explicar.
Nos dias que se seguiram, a comunicação social portuguesa explorou ao máximo o acontecimento para seu benefício próprio, tentando fazer os possíveis e impossíveis para ganhar dinheiro com a morte. Todos os directores de informação das televisões e os directores de jornais por esse Portugal fora deve estar entusiasmadíssimos com os lucros que a morte do Fehér lhes deu.
Há limites, acho eu. E mais uma vez – se bem que sem grande surpresa, diga-se – eles foram largamente ultrapassados.
Quanto ao Húngaro, que morreu em campo, em Guimarães, aos 24 anos: acabram-se-lhe as preocupações, a morte é para os vivos.