Desperdício

Publicado em , por macaco

Há alturas em que temos daquelas visões do big picture, que nem sequer precisam de ser originais… são daquelas que até já ouvimos falar, mas nunca nos surgiram na moleira.

Hoje aconteceu-me isso.

Abri o frigorífico e dei com uma tijela amarela, com bonecos dos Simpsons. “Dei com” é uma maneira de dizer… Lembrei-me de espreitar lá para dentro.

Era pêssego.

Eu explico. A tijela estava cheia de metades de pêssego em conserva, uma coisa que eu adoro, mais ainda se estiverem bem fresquinhas. Só que, por qualquer razão, nunca mais me tinha lembrado das metades de pêssego.

Estava tudo com uma cor meio estranha, com bocados de bolor a crescer em cima e um cheio algo… enfim. Foi para o lixo, claro.

E no momento exacto em que deitava para o caixote do lixo a última metade de pêssego tive uma visão súbita de todo o processo que trouxe aquele pêssego até mim. Do pessegueiro, que deu outro pessegueiro e outro e outro, até ao que deu os meus pêssegos, ou mesmo aos vários que deram os pêssegos que vinham na minha lata.

O crescimento das árvores, as flores, os frutos, os agricultores que os apanharam, o caminho que percorreram para a fábrica, o descaroçamento, descascamento, corte em metades, feito por uma máquina, provavelmente. A preparação da conserva, o enlatamento, o rótulo, a arrumação em paletes.

E a distribuição, sem esquecer o comercial da marca que teve que a vender ao hipermercado. Ou mesmo os designers que fizeram os rótulos, por exemplo.

E provavelmente nem me lembrei de metade do que esteve envolvido para que eu pudesse, hoje, deitar para o lixo quatro ou cinco metades de pêssego.

Dito isto… parece-me óbvio que tenho que ir comprar mais latas de pêssego!

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