Publicado em , por macaco
Meteu a cabeça pela porta e espreitou para dentro do escritório.
“Olá”, disse.
A situação era algo embaraçosa, haviam dívidas entre eles e uma situação mal esclarecida de um contrato que tinha corrido mal e um produto defeituoso.
“Então! Tudo bem? Entra, entra!”, exclamou o outro, que nunca perdia a sua pose comercial, mesmo quando lhe cheirava a problema.
Ele entrou e fechou a porta atrás de si. “Então grande homem, com vai isso?”, disse o outro, estendendo a mão.
Tirou de trás das costas uma picareta. Daquelas picaretas grandes, que se usam para escavacar passeios e abrir fossas. O outro riu-se e preparava-se para fazer um qualquer comentário idiota quando a picareta lhe atingiu o ombro direito, rasgando o casaco, a camisa e dilacerando com alguma violência os ligamentos do deltóide e o bordo da clavícula.
Com um puxão, retirou a picareta do ombro do outro, que desfalecera sobre um joelho e lacrimejava de dor, incapaz de encaixar aquilo que tinha acabado de se passar.
O segundo golpe foi bastante mais certeiro e decidido. Tendo perfurado com certeza e dedicação o crâneo de um lado ao outro, causou morte imediata e satisfatória.
Foi-se embora.
Deixou a picareta… não tinha nada para cavar.