Não se brinca com carteiros

Publicado em , por macaco

Naquela manhã, o carteiro Pat levantou-se e logo uma enorme náusea se apoderou do seu corpo. Sentiu-se tremer enquanto fazia a barba e chegou mesmo a cortar-se duas vezes.
Comeu metade de um pequeno almoço mal amanhado, pegou na Mössberg e meteu-se na sua característica carrinha vermelha do Royal Post.
Meteu a primeira, depois a segunda, terceira, violentamente. Acelerando pelos montes e vales da paisagem rural inglesa que lhe era tão famíliar.
Estacionou, derrapando, em frente a uma pequena cottage no fim da aldeia, saiu, engatilhou um cartucho na Mössberg e bateu duas vezes com a coronha na porta.
A cara de Filipe, o gafanhoto, empalideceu quando o carteiro Pat encostou o frio cano da caçadeira mesmo por baixo do seu nariz.
Passou-se um segundo, que pareceu uma eternidade e Pat puxou o gatilho. A cabeça de Filipe desfez-se literalmente, espalhando linfa pela alcatifa do hall de entrada.
Ouviu-se um grito de mulher e do corredor, nua e tapada apenas com uma toalha de banho, surge alarmada a Abelha Maia.
O Carteiro Pat olhou-a nos olhos, com profunda raiva e com um sacão extraiu o cartucho vazio e engatilhou um novo.
“Tu…”, disse o carteiro. E premiu novamente o gatilho, enviando a Abelha Maia para o fundo do corredor, fazendo-a embater com violência na porta do contador da luz.
“É a última vez que me enganas”, disse o carteiro Pat, virando para si a Mössberg e desferindo o golpe de teatro final.

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