Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Subtil Arménio era um coelho. Trabalhava numa fábrica de automóveis que havia falido seis anos antes. Subtil Arménio era responsável por soldar os fechos das portas de trás de todos os carros que só tivessem portas í frente e era por isso um coelho muito ocupado.
Bizarma Constantino era um Alfredo. Gostava de fado e de vinho tinto. Jogava sueca na tasca do Laurelindo todas as terças e quintas, segundas e quartas, sextas sábados e quase sempre aos domingos.
Luzia Pernocas era fascista, mas muito bonita. Todos gostavam e não gostavam dela alternadamente consoante estivesse a mostrar as pernas ou a discursar em alemão sobre os malefícios da imigração. Era ela que fazia pastéis de bacalhau para a tasca do Laurelindo, que causavam furor entre os rapazes que se juntavam para jogar dominó todas as noites.
Um dia houve guerra entre os Normandos que eram a favor da implementação geral e os Armandos que eram completamente contra a normalização global.
Todos os rapazes foram chamados para a guerra e deixaram a Luzia a gerir a tasca. Foi nessa altura que Luzia começou a fazer pasteis de bacalhau só para arianos. Como não haviam arianos na aldeia, os pastéis não se venderam e quando os rapazes voltaram da guerra, todos mortos, ficaram bastante desiludidos por verem que a tasca tinha falido.
Ficaram todos sem sítio onde jogar dominó, o que acabou por não fazer diferença pois foram todos enterrados em caixinhas de madeira.
A Luzia foi trabalhar para o casino estoril, onde vende cigarros e distribui secretamente panfletos sobre como não se deevm servir carnes frias a judeus.
Subtil Arménio era um coelho, estava sentado ao seu posto, na fábrica de automóveis que havia falido seis anos atrás, com o seu maçarico em punho í espera do próximo carro que só tivesse portas í frente, para lhe soldar os fechos nas portas de trás.