Acabei de publicar um novo dicionário. É o Dicionário de Cromos de Centro Comercial.
Contém algumas observações que tinha coleccionado há uns tempos e nunca mais me tinha lembrado. Estive a dar uns retoques e aqui fica, para vossa apreciação.
A Branchless Monkeys Encyclopí¦dia orgulha-se de apresentar mais um dos seus mundialmente famosos dicionários. Os dicionários da nossa prestigiada publicação são artigos de valiosa referência para académicos em todo o Mundo. De Cambridge í Ivy League, as maiores universidades do mundo não dispensam uma cópia ou mais (ou mais!), da nossa vasta e completa obra.
Agora que deixámos bem claro que somos bons, vamos avançar para um novo volume desta obra de valor incalculável: o dicionário de cromos de centro comercial.
Os cromos de centro comercial existem e não vale a pena ignorá-los, porque não se vão embora. É como o poema Zen da árvore que cai sozinha na floresta… se ignorarmos um cromo destes, será que ele deixa de existir? Não sabemos, porque é impossível ignorá-los.
Mas podemos identificá-los e categorizá-los, como convém. E é para isso que aqui estamos!
Putos Betos
Abrimos este dicionário com uma categoria verdadeiramente assustadora de cromos do centro comercial. Os Putos Betos são uma categoria antiquíssima, juntamente com os Xungas, são, possivelmente das mais antigas, senão mesmo a mais antiga, das categorias, já de si antigas. Portanto, é um categoria antiga, é aí que queremos chegar.
Os tempos actuais são extraordinariamente propícios ao aparecimento de putos betos. Nunca houve tamanha abundância de parafernália beta para fornecer esta categoria e nunca os putos tiveram tanto poder de compra. Um qualquer passeio por uma qualquer centro comercial ajudará a constatar isso mesmo.
Os Putos Betos são fáceis de detectar: Pullover Tommy Hilfiger, Chinos caqui e, claro, camisa Sacoor.
Atenção que o telemóvel é absolutamente indispensável.
Viu alguém assim? Parabéns. Encontrou o seu primeiro puto Beto… tire-lhe o número e anote na sua caderneta. Mas note que a idade é importante: terá que ser um espécime entre os 13 e os 19 anos de idade, com uma cara semelhante a um pudim de framboesa que correu mal. Caso contrário poderá estar a olhar para um Adulto beto e se assim não pode ser nada porque não podemos estar agora aqui a misturar coisas.
As camisas da Sacoor são, dado garantido, a coisa mais hedionda alguma vez a ser posta í venda desde o café americano e têm como único propósito fazer as pessoas parvas parecer completamente idiotas. Não sabemos de que outra maneira se pode explicar como pessoas que aparentemente estão vivas e conscientes do mundo que as rodeia, possam andar com uma camisa com um boneco de um rato, de uma qualidade absolutamente abaixo-de-d’Artacão, estampada nas costas… enorme ainda por cima.
Isto poderia explicar a razão de muitos putos betos usarem os pullovers Tommy Hilfiger, de preferência brancos e pelas costas. Para tapar o rato, entenda-se. Mas parece que não: o rato é usado com a ostentação provinciana de quem nunca usou roupa de marca e considera esse como o feito mais importante da sua vida.
Parece-nos uma coisa verdadeiramente triste, um adolescente que podia perfeitamente estar de jeans e ténis a perseguir miúdas giras das maneiras mais patéticas possíveis de imaginar, está ali vestido í palhaço, balouçando-se pelo Centro Comercial e nada mais acrescentando ao mundo, í parte de assunto para mais um dicionário desta série.
Dreads
Os Dreads são, talvez, o oposto dos Betos.
Os Betos sempre foram Betos, os dreads já foram outras coisas: Hippies, por exemplo. Embora esta associação deva provavelmente irritar os Dreads… e os Hippies. Mas no bom estilo desta publicação… quero que se lixem.
Os dreads são uma daquelas espécies auto-reconhecidas. Isto é, adoram ser dreads e tratar-se por “dread” uns aos outros. Os Betos não gostam de ser chamados betos, embora sejam visivelmente betos e não se compreenda exactamente o que mais se lhes poderia chamar.
A expressão “dread”, originária da Jamaica, se não me falha a memória, ganhou já um significado mais lato… lato até demais, o que se pode tornar perigoso, como se pode ver pelo incidente do Lobo Risonho.
Não é difícil de detectar esta espécie: têm aquele look abandalhado de quem apenas passou 2 horas a arranjar-se para parecer abandalhado. Talvez dreadlocks, talvez não, talvez piercings na testa, talvez não. Roupas largas, calças descaídas, ténis espessos. Tudo escolhido a dedo, para fingir que não foi escolhido. Tudo de marca, claro. E uma tatuagem, se não tiverem medo de agulhas, claro.
A tentativa vaga de “parecer diferente” que faz com que o dread seja efectivamente diferente de, digamos, um Beto, leva também ao paradoxo final de quem ser diferente: os dreads acabam por ser todos iguais uns aos outros.
Xungas
Uma vez Xunga… para sempre Xunga. O Xunga é o naí¯f deste grupo. É um estilo sem ser um estilo, é uma categoria, não categorizada. O Xunga é em si mesmo ele próprio, sem o ser, conscientemente.
É vê-lo de cabelo absolutamente empastado de gel, camisa aberta no peito (gerações, senhores, gerações!) e, dependendo da idade, se for jovem um brinco de ouro numa das orelhas (uma qualquer, não interessa), se for mais velho, um cordão de ouro ao pescoço. A fórmula é a mesma.
Mesmo que se lave, o Xunga não consegue deixar de ter aspecto de quem nunca toma banho, parece sempre sujo e a necessidade constante de cuspir no chão, não ajuda a compor a figura. O Xunga também se caracteriza pelas suas constantes dificuldades financeiras, que o levam a uma necessidade constante de pedir “uns trocos”.
“Ei chavalo, orienta aí uns trocos”, é o seu cumprimento mais habitual.
Os Xungas também são facilmente distinguíveis pelo facto de levarem a famélia toda para o Centro Comercial. Normalmente um “pai” e uma “mãe” Xungas trazem consigo dois ou três filhos Xungas, fora o filho Xunga Adolescente, que se movimenta sozinho, cobrindo a missão dos “trocos” e o filho Xunga-de-colo, que, escorrendo ranho, berra convenientemente nas alturas inconvenientes (i.e.: todas); a acompanhar o clã, normalmente, podem ainda ver-se um ou outro aví´-xunga ou avó-xunga, sempre em marcha lenta e com um odor levemente “curioso”.
Domingueiros
Os Domingueiros são Domingueiros em tudo o que fazem: é que o senhor (ou o Senhor, como é conhecido nalguns locais), disse que ao Domingo ninguém trabalha, ou coisa do género e, portanto, ao Domingo é preciso é ter calma. Assim, os domingueiros conduzem devagar, almoçam durante 5 horas e passeiam-se nos corredores do centro comercial como se de uma longa e demorada procissão se tratasse.
Os Domingueiros vestem-se para ir ao centro comercial… isto é, vestem os seus fatos de domingo, como é evidente… isto não implica que outros vão nús.
Assim, de fatinho de domingo, que antigamente servia para ir í igreja ou ao futebol, os Domingueiros fazem a sua peregrinação ao centro comercial mais próximo. Mas o que vão eles comprar?
Mas… nada! Comprar?
Os Domingueiros vão para o centro comercial passear! Porque aquilo sim, são ares! E que vista!
Os corredores são amplos o suficiente para toda a família e mais os 12 carrinhos de bebé e, convenientemente, existem bancos de mármore aqui e ali para ir deixando a velharada enquanto os mais jovens continuam, alegres e contentes, a percorrer os corredores em ciclo, aparentemente, infinito.
Os Domingueiros deslocam-se, assim, em manada, lentamente… muito lentamente, ocupando, se possível, toda a largura dos corredores do espaço comercial em questão e, se em número suficiente (normalmente assim é), cobrindo com membros do seu grupo montras inteiras, enquanto pronunciam frases como “isto aqui é tudo tão caro”.
Membros deste grupo são também conhecidos por praticar a tática de guerilla urbana conhecida como “parar para conversar bloqueando o único espaço de passagem possível”, mas isso… é tema para um novo dicionário.
Estamos no final push para a nossa mudança que, esperamos, estará concluída na próxima sexta-feira.
Que grande confusão que é mudar de casa!
A nossa sala amarela, que tem oito metros quadrados, está cheia até acima de caixotes. E digo até acima quase literalmente, porque os caixotes só por pouco não tocam no candeeiro.
Já desmontámos as duas estantes da sala, quatro móveis já foram para a Marta e a Bela já veio recuperar o seu louceiro, ou pelo menos metade e a outra metade já foi fora (entretanto um funcionário da CMA veio-o buscar com o seu carrinho de mão, para uma renovada existência, quem sabe). O Cunhado ficou com uma estante que lhe deu jeito e o meu sogro veio hoje buscar o nosso roupeiro (a casa nova vem com dois roupeiros incluídos).
O mais cansativo é a sensação de que arrumamos, arrumamos, encaixotando pilha de coisas atrás de pilha de coisas e nunca conseguimos acabar.
Hoje devo ter enchido cinco ou seis caixas com livros, CDs e bugigangas diversas do escritório e no entanto, aqui sentado agora sou capaz de jurar que não tirei de cá nada! Começo a sentir um leve pânico ao imaginar que não vai, pura e simplesmente, ser possível ter tudo encaixotado.
Mas claro que vai. Espero eu…
Nos intervalos, sentamo-nos na sala a mastigar qualquer coisa e a ver mais uns episódios da Buffy, the Vampire Slayer, season 2.
Eu estou cheio de dores de costas, desde o treino de terça-feira (200 flexões de seguida…) e carregar com coisas não tem ajudado. Agora acho que vou desmontar mais uma estante, sempre contribui para a sensação de que mudar de casa é possível… claro que não ajuda as dores de costas, mas não se pode ter tudo na vida.
Estou a escrever qualquer coisa só para brincar um bocadinho com o Firebird, o ex-Phoenix. Ou seja, um browser. É um spawn do Mozilla, supostamente simplificado, mais leve e mais rápido.
Até agora estou a gostar, sem bem que os themes não parecem estar a funcionar muito bem.
No entanto…
Bom, no entanto, o Firebird faz uma coisa que me apaixonou imediatamente!
Duas das minhas coisas preferidas do Moz são o tabbed browsing (mas claro) e a personal toolbar, onde posso ter os meus bookmarks organizadinhos por menuzinhos temáticos.
O Firebird pega nestas duas ideias e faz o seguinte: imaginemos que eu faço um menuzinho para todos os sites de cartoons que gosto de visitar diariamente; faço o menu, encho com links e o Firebird disponibiliza-me logo um link nesse menu chamado “open in tabs”. É brilhante! Simples e brilhante: clicando em “open in tabs”, o Firebird abre todos os sites do meu menu de cartoons, um em cada tab.
Vou comprar casa dentro de duas semanas, aproximadamente. Fiquei agradavelmente surpreendido com o anúncio, por parte do Governo, do fim da Sisa, esse magnífico imposto que nos é cobrado quando adquirimos uma casa (uma casa, sabem, esse bem de segunda necessidade).
Qual não foi o meu espanto quando, logo na semana a seguir, um coro de protestos veementes, por parte dos autarcas do nosso país, se levantou contra o fim deste imposto.
As autarquias estão preocupadas com a redução dos seus orçamentos, por deixarem de receber a Sisa. O que é de uma hipocrisia fenomenal, porque, como toda a gente sabe:
1 – As autarquias guardam os seus orçamentos durante três anos e meio, para poderem ter dinheiro nos seis últimos meses de vigência dos seus mandatos, para que possam fazer obras magníficas, como rotundas, bancos de jardim e semáforos, para ganharem votos nas eleições que se aproximam.
2 – Toda a gente sabe que ninguém paga o Sisa verdadeiro pelas casas, porque toda a gente aldraba nas escrituras, para descer o preço dos imóveis e fugir ao Sisa
3 – Sem o Sisa, ou com um imposto subsituto de valor inferior, o mercado imobiliário, que neste momento se encontra reservado aos ricos que têm dinheiro para comprar casas de 50 mil contos como investimento especulativo, poderia receber um bem-vindo impulso e crescimento
4 – Com menos impostos, as pessoas que querem comprar casas para HABITAR (e não para alugar ou vender mais tarde fazendo LUCRO), terão mais hipóteses de o fazer, pois as desepesas acessórias descem e o processo fica facilitado.
Os Municipios dizem que querem o Sisa para poderem melhorar a qualidade de vida das suas populações, mas não parecem preocupar-se com o facto de as suas populações não conseguirem comprar casas, ou verem as suas dificuldades em fazê-lo aumentadas por uma série inacreditável de despesas acessórias, que podem fazer uma casa custar mais mil, dois ou três mil contos do que o preço de venda.
Para um Municipio mil contos não são nada. Claro. Para as pessoas que eles dizem querer proteger, são. Bastante.
Claro que o Estado no meio disto tudo também não deixa de ser o proverbial “porco”. Porque quer acabar com o Sisa, no meio de não se sabe bem o quê nem com que intenções. Ao mesmo tempo, quando queremos comprar um carro em Portugal, ficamos face a face com os preços mais altos da Europa, graças à aplicação de dois impostos, o Imposto Automóvel e o IVA… ainda por cima um sobre o outro.
E também vivemos num país em que o Estado usa o dinheiro dos impostos para gastar em estádios de futebol (são 10, para o Euro 2004), onde só os acessos rodoviários vão custar 80 milhões de euros. São 80 milhões de euros, para construir estradas para as pessoas poderem chegar ao estádio e ir à bola.
Afinal, o Futebol continua a justificar um investimento significativo por parte dos nossos governos. Talvez acabando com a Sisa, pudessem passar o orçamento dos estádios e respectivos acessos rodoviários às Câmaras Municipais e assim ficava toda a gente feliz.
Pergunto-me, se com todo este investimento no Futebol, o Governo terá alguns planos especiais para promover o Fado e a Família.
Acabei de publicar um novo dicionário. É o Dicionário de Cromos de Centro Comercial. Contém algumas observações que tinha coleccionado há uns tempos e nunca mais me tinha lembrado. Estive a dar uns retoques e aqui fica, para vossa apreciação. Dicionário de Cromos de Centro Comercial [tags]dicionário,cromos,centro,comercial[/tags]
A Branchless Monkeys Encyclopí¦dia orgulha-se de apresentar mais um dos seus mundialmente famosos dicionários. Os dicionários da nossa prestigiada publicação são artigos de valiosa referência para académicos em todo o Mundo. De Cambridge í Ivy League, as maiores universidades do mundo não dispensam uma cópia ou mais (ou mais!), da nossa vasta e completa obra. […]
Estamos no final push para a nossa mudança que, esperamos, estará concluída na próxima sexta-feira. Que grande confusão que é mudar de casa! A nossa sala amarela, que tem oito metros quadrados, está cheia até acima de caixotes. E digo até acima quase literalmente, porque os caixotes só por pouco não tocam no candeeiro. Já […]
Estou a escrever qualquer coisa só para brincar um bocadinho com o Firebird, o ex-Phoenix. Ou seja, um browser. É um spawn do Mozilla, supostamente simplificado, mais leve e mais rápido. Até agora estou a gostar, sem bem que os themes não parecem estar a funcionar muito bem. No entanto… Bom, no entanto, o Firebird […]
Vou comprar casa dentro de duas semanas, aproximadamente. Fiquei agradavelmente surpreendido com o anúncio, por parte do Governo, do fim da Sisa, esse magnífico imposto que nos é cobrado quando adquirimos uma casa (uma casa, sabem, esse bem de segunda necessidade). Qual não foi o meu espanto quando, logo na semana a seguir, um coro […]