Longo dia com massa no fim

Publicado em , por macaco

Hoje o dia começou cedo, bom, pelo menos cedo para mim. E terminou com uma nova experiência culinária. Which was nice.

Levantei-me às oito, rotina do costume: banho, vestir, casa de banho, pequeno almoço, casa de banho, sair.

Acontecem-me sempre duas coisas quando tenho estes dias a começar cedo. Por um lado tenho uma fome devoradora e por outro cólicas insuportáveis.

É incompreensível para mim, talvez porque me falhem os conhecimentos fisiológicos necessários, mas posso levantar-me ao meio-dia, sentar-me ao computador, ou a ver televisão na sala e só me lembrar de comer qualquer coisa quase às três da tarde, mas se acordar às oito da manhã, alguns minutos depois de me levantar da cama, tenho uma fome perfeitamente avassaladora, começo a ficar com dores de estômago e mesmo, por vezes, alguma tontura.

Não compreendo.

Enfim, parti para Lisboa com o Tritão, para uma reunião com um cliente na Rua dos Bacalhoeiros, ali ao Campo das Cebolas… isto sim, são nomes de ruas! Juntou-se-nos um dos comerciais da Ciberguia, para apresentar a plataforma.

A reunião correu bastante bem. Almoçámos um lombinho de porco assado, uma comidinha portuguesa, bem confeccionada e provavelmente, por ser aquela zona, perto do rio e da Casa dos Bicos etc., paga ao dobro do preço.

Mas ok.

À tarde tivemos nova reunião, desta feita na Travessa da Espera, no Bairro Alto, que agora é bem chamar-se apenas “O Bairro”, de preferência com uma voz nasalada.

O Bairro Alto é só putas e paneleiros, pardon my french, mas esta era a regra e toda a gente sabia, mesmo quando não se sabiam bem o que eram putas e muito menos paneleiros.

Hoje em dia, o Bairro Alto é in.

Acho muito bem, desde que não tenham estragado o negócio às putas, que são um dos pilares da civilização moderna.

Pode ser que um dia seja super-bem ir curtir a night para Chelas.

Entre-reuniões, nos tempos em que nos deslocámos daqui para ali a butes, como é nosso apanágio, andámos a fugir à chuva que ameaçou o dia todo, mas que, felizmente, já só caiu cerca de 30 segundos antes de eu entrar em casa.

Which is nice.

Cheguei a casa e fui seguir um conselho da Dee, resolvi cozinhar. Eu gosto de cozinhar e cozinho pouco (não, os trocadilhos com cuzinho não têm piada nenhuma). Inventei uma receita e fui para o Jumbo comprar ingredientes.

Fiz uma massa no forno, com carne e molho de natas com queijo que ficou excelente, se bem que um pouco ensonsa.

Não é nada difícil de fazer, é preciso:

– 1 cebola média
– dentes de alho à brava
– 3 tomates-em-rama (ou 3 tomates quaisquer, mas pequenos)
– 500 gr de carne de vaca picada
– óregãos secos
– um bocado de polpa de tomate (guloso ou coisa parecida)
– 2 embalagens pequenas de natas pasteurizadas
– um pedaço de manteiga
– uma colher de chá de maizena dissolvida em água
– 350 gr. de Tagliatelle (por exemplo), ou outra massa, suponho
– Queijo mozzarella dinamarquês em barra e em fios
– Sal e pimenta
– Azeite
– Mostarda

Depois, como diria o Jamie Oliver é easy peasy:

Azeite no fundo de um tacho e cebola e o alho, picados, lá para dentro para refogar.

Juntar a carne, ir virando até ficar castanha, juntar os tomates (aos pedacinhos) e um bocado de polpa de tomate (só para humedecer toda a carne). Temperar com sal e pimenta e os óregãos.

Por a massa a cozer, leva 10 minutos a massa, leva 10 minutos a carne a apurar um bocadinho, em lume brando. Agora é uma boa altura para acender o forno, 200 graus chegam.

Escorre-se a massa e reserva-se (convém deixar um bocadinho de água para não colar).

Num tachinho derrete-se a manteiga, juntam-se as natas, mexe-se bem, junta-se mostarda, mexe-se bem novamente, junta-se a maizena dissolvida, volta-se a mexer. Deixa-se engrossar um bocadinho em lume muito brando. Estamos a falar de um ou dois minutos. Convém salgar. Foi aqui que falhei, esqueci-me de salgar as natas. Pimenta também é bom. Noz moscada, opcional.

E agora a parte divertida: pega-se num pyrex e oleia-se com azeite; depois, no fundo, coloca-se um bocadinho menos de metade da massa (tagliatelle, foi o que eu usei, é parecido com fetuccine), depois cobre-se com a carne, toda, seguido de uma generosa camada de Mozzarella em fatias finas (cortadas da barra) e uma parte das natas (menos de metade).

Tapa-se tudo com o resto da massa, seguido do resto das natas e, finalmente, um pacote inteiro de fiozinhos de queijo mozzarella. Há uns excelentes e caros (ramazotti) e uns que não deixam de ser bons e são mais baratos. Estes últimos não são bem em fios, são mais cubinhos pequenos e dizem geralmente qq coisa como “especial para pizza” ou “especial para gratinar”. Serve.

Vai ao forno, 20 a 30 minutos, até o topo estar a começar a ficar castanho nalguns pontos.

Há mais duas coisas que eu acrescentaria a isto, se a Dee gostasse: cogumelos, junto com a carne e pimento, junto com o refogado. Talvez numa próxima oportunidade.

Claro, resta lembrar que isto dá, à vontade para quatro pessoas… pelo menos.

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Enciclopédia de Automobilistas Portugueses II

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Bem vindos À segunda edição desta enciclopédia. Passou já mais de um ano sobre a primeira edição e urgia por no “papel” mais algumas informações fundamentais para quem se desloca nas estradas e ruas de Portugal.

Conduzir é uma actividade perigosa, mas o perigo aumenta exponencialmente sempre que não estamos sozinhos na estrada. Vejamos então mais alguns destes perigos sobre rodas e formas de lidar com eles:

Práticas Comuns do Automobilista Português:

Ultrapassar pela direita (O Dextroultrapassador)

O automobilista português gosta de ultrapassar. Este é o facto mais importante da sua vida: ultrapassar. Estar í  frente é tudo para este condutor latino, estar atrás, é o mesmo que ser um “maricas”, “nabo” ou “cepo”. No nosso paí­s, bem como na maioria do mundo civilizado, os condutores sentam-se do lado esquerdo do veí­culo, lado pelo qual se devem efectuar as ultrapassagens pela simples razão de a atenção e visibilidade do condutor ultrapassado serem melhores.

Mas que grande monte de tretas! O condutor português quer lá saber disso! Não é perigoso? Então qual é o gozo? A verdade é esta: se o condutor estiver atrás e quiser passar para a frente (e quem não quer?), qualquer dos lados serve, desde que haja uma nesguinha.

Há várias maneiras de se divertir com um dextroultrapassador. Por exemplo, certifique-se que nunca deixa espaço para que passe de qualquer dos lados, mude de faixa frequentemente, gorando sempre a tentativa de ultrapassagem por qualquer dos lados. Mas a minha favorita só pode ser efectuada na estrada: impeça que o condutor atrás de si o ultrapasse, mas conduza a um ritmo relativamente lento, despertando na sua ví­tima o intenso desejo de o ultrapassar, depois, impeça algumas vezes a ultrapassagem pela esquerda, mas dê espaço í  direita… se a ví­tima for um Verdadeiro Automobilista Português, não hesitará em aproveitar a deixa.

Certifique-se que apenas lhe dá passagem quando í  sua direita houver um precepí­cio. Quando a ultrapassagem for a meio… encoste-se levemente í  direita.

Perseguir outros condutores (O Motorista Persecutório)

O fenómeno ainda não está bem estudado, mas é verdadeiro. Os Automobilistas Portugueses gostam de perseguir outros automobilistas. Na estrada, na auto-estrada e mesmo na cidade esta constatação é verí­dica. Eu sei porque já me aconteceu e conheço pelo menos mais dois relatos fide-dignos.

Os Automobilistas Portugueses são, como já vimos na edição anterior, ases do volante… são condutores experientes, calejados… e o problema é mesmo esse: os calos. É que não se podem pisar os calos de um Verdadeiro Automobilista Português (VAP).

E como se pisam os calos do VAP?… Como diria o poeta: “…let me count the ways”. Circulando normalmente nas estradas de Portugal é quase impossí­vel NíƒO pisar pelo menos de vez enquando, os calos a um VAP. Uma ultrapassagem legal, uma buzinadela de aviso (tipo “olhe que leva a porta aberta”), um gesto que faça na privacidade do seu veí­culo e que possa ser interpretado como um insulto ao VAP ou até mesmo apenas entrar numa faixa de rodagem de forma perfeitamente legal e sinalizada mas… À FRENTE de um VAP. O que fazer?

É quase impossí­vel dizer o que se pode fazer quando se encontra um VAP com a mania da perseguição (não confundir com paranóia, estou mesmo a falar da mania de perseguir os outros), pois as variáveis são imensas. Poderá fugir-lhe por caminhos alternativos, poderá deixa-lo passar e persegui-lo você, poderá talvez mesmo chamar a polí­cia.

Não sei explicar porque alguns VAPs metem na cabeça perseguir outros condutores. Não compreendo, porque no dia-a-dia nas ruas, a pé, não se vêem pessoas a perseguirem-se umas í s outras, por esta ou aquela indelicadeza. Se algum dia se vir perseguido por um VAP… improvise. Meça bem a situação e faça o que o instinto lhe mandar, mas faça os possí­veis por fazer o VAP sofrer uma qualquer consequência do seu acto imbecil: tente fazer com que se estampe, siga por um caminho que não pretendia seguir, mas que seja longo e aborrecido, leve o Motorista Persecutório atrás de si até que se farte. Finalmente, a melhor hipótese depende da sua capacidade de arrear. Se for bem dotado e souber bater, deixe que o Motorista Persecutório o apanhe e saia do veí­culo atrás de si, saia também, mas não fale, não se mexa, não se desloque… aguarde apenas a sua chegada. Depois, dê-lhe um enxerto de porrada.

Fazer corridas nos semáforos (O Schumacher dos Sinais)

É outro facto: os VAPs gostam de corridas. Os semáforos são para um VAP uma verdadeira grelha de partida de um grande circuito mundial e eles têm a pole position. Primeiro olham para si de lado, como que a confirmar a corrida, depois dão uns toques no acelerador, fazem o carro avançar um pouco e depois um pouco mais… sempre naquela actividade tão portuguesa de “picar”.

Este génio da ciência automóvel acha que arrancar a chiar os pneus, acelerando o mais que lhe é possí­vel no meio de uma cidade é uma actividade que o faz subir vários pontos na escala de produção de testoesterona do seu bairro ou sociedade filarmónica local.

Se tiver uma mota então, vai deparar com muito mais Michael Schumachers dos Sinais Luminosos, isto porque como são dotados de um QI baixí­ssimo, os VAPs acreditam que o seu carro em particular consegue “ganhar” a uma mota. Não consegue.

Como agir? Fácil: nunca ceda. Nunca entre na corrida. Mas faça de conta que sim… entre na dança, acelere, engrene o carro e dê-lhe arranquezinhos… e depois, quando o verde surgir, fique alegremente para trás. Arranque o mais lentamente que lhe seja possí­vel sem atrasar o trânsito do semáforo. Se possí­vel, vire na primeira transversal, indicando que nem sequer pretendia seguir em frente.

Deixe o Schumacher seguir sozinho… de qualquer maneira, é sempre ele que ganha.

Usar as faixas fechadas, Seguir nas faixas do bus, Ultrapassar as filas e entrar � frente de toda a gente & Seguir na berma evitando as filas. (O Ultrapassador de Filas)

Estes quatro comportamentos são agrupáveis porque todos se prendem com uma ideia muito comum entre os Verdadeiros Automobilistas Portugueses: “sou mais esperto que os outros”.

Não é segredo para ninguém que por vezes se formam filas de automóveis. Existe um atraso, um acidente, uma obra, uma faixa encerrada por motivos desconhecidos, ou simplesmente carros a mais e estrada a menos e forma-se uma enorme fila de carros, uns atrás dos outros, andando uns escassos metros de cada vez. Mas se observarmos o comportamento dos VAPs nestas alturas, chegamos rapidamente í  conclusão que, afinal, as filas são para os tansos. Senão vejamos…

Existe uma fila para uma portagem, demasiados carros a parar para pagar a sua passagem e seguir em frente causam uma natural acumulação de trânsito. A fila apenas não existe em frente í s cabines de portagem que não estão em funcionamento, por razões óbvias: ali, ninguém passa, a cancela está fechada. Oportunidade de ouro para o VAP! Para quê ficar meia-hora numa fila para chegar í  portagem? Nada disso! O VAP coloca-se assim que pode na faixa encerrada e segue até í s cabines de portagem a alta velocidade… já poupou meia-hora! Claro que agora precisa de se enfiar na portagem aberta mais próxima, mas isso não é problema, porque ele é um VAP e os outros são todos “cepos” das filas. Mais tarde ou mais cedo o VAP vai conseguir meter-se no princí­pio da fila e vai deixar para trás os outros. Ele é de facto mais esperto. Quem diz portagens fechadas diz faixas de bus.

Verifica-se uma situação semelhante quando saí­mos ou entramos em autoestradas, por exemplo… normalmente a via de acesso tem duas faixas que fecham numa só. Este facto está bem explí­cito em sinais de trânsito e sinalização horizontal (leia-se “setinhas no chão”) e portanto, os condutores respeitadores encostam í  direita e formam uma fila, normalmente um pouco lenta, para, um a um, entrarem na via que se segue.

NABOS!

Qual é o problema da faixa da esquerda deixar de existir? Se não há lá carro nenhum, é mesmo por lá que o VAP vai! E a alta velocidade, de preferência… os outros que esperem pela sua vez. O VAP não tem tempo e chegado ao fim da faixa, trepa separadores se for preciso, ele tem é que chegar lá AGORA e não daqui a pouco.

Outra situação são as longas filas que se geram, normalmente em regressos de longos fins de semana de papo para o ar. O trânsito é dolorosamente lento e levam-se horas a chegar seja onde for… a menos, claro, que se seja um VAP… porque o VAP não hesita em usar a berma! Sim, a berma! Mas porque raio há-de o VAP estar parado numa fila infindável de “nabos” quando pode perfeitamente seguir a 100 í  hora pela berma, que ainda por cima é larga e bem alcatroada? Quando for preciso voltar í  estrada não há problema nenhum, há sempre um tanso que se desvia para deixar passar sua alteza.

Bem, todos estes comportamentos tâm apenas uma solução: não deixe entrar. Repito: NUNCA deixe um ultrapassador de filas entrar. Ele que sofra, ele que bata, se quiser, é ele que paga. Quando deixa um ultrapassador de filas entrar é o mesmo que o deixar ir a sua casa, sentar-se no seu sofá, virar-se para si e dizer: “você é um grande imbecil, eu sou, pelo menos, 100 vezes mais inteligente que você, sua besta”, pense nisto da próxima vez que vir um a tentar meter-se.

Se estiver no trânsito e vir passar ultrapassadores de fila na berma, ligue para o 112, certifique-se que avisa logo que não se trata de uma emergência, para não abusar do serviço. Depois avise que está parado na estrada tal e que há fulanos a circular na berma. Em pouco tempo estará lá a brigada da GNR, acredite, eles adoram ultrapassadores de filas.

Quando passar pelos VAPs parados a serem multados, ponha a cabeça de fora e grite “Pela lei e pela grei!”. É o lema da GNR. Vai fazê-los sentir mais zelosos.

Falar ao telemóvel enquanto conduz (Atendedores Crónicos de Telemóveis)

Já quase toda a gente atendeu uma chamada enquanto estava ao volante. É proí­bido, mas já quase toda a gente o fez. No entanto não é dessa categoria de condutores que falamos… mas sim dos Atendedores Crónicos de Telemóveis. Os ACT existem por todo o lado… nunca deixam de atender uma chamada, quer seja o Dalai Lama ou o filho mais novo a pedir pastilhas elásticas quando voltar para casa, todas as chamadas são importantes, todas as chamadas são urgentes, em qualquer lugar, a qualquer altura.

Os ACT atendem chamadas na rua, no emprego, nos transportes, na biblioteca, em concertos, em lojas, no hipermercado/centro comercial (habitat natural) e até mesmo ao volante. É vê-los a alta velocidade, largamente acima do limite legal e com um grande sorriso estampado no rosto, tal é a alegria de terem um pequeno telefone entalado entre o ombro e a bochecha para poderem dizer algumas trivialidades a uma pessoa com a qual provavelmente não falariam em condições normais.

A verdade é que o ACT conduz bestialmente mal… podemos ver o seu veí­culo a descrever zig-zags pela estrada fora, a efectuar acelerações e desacelerações incompreensí­veis… o ACT passa sinais de stop sem sequer os ver, ignora perdas de prioridade, passa com o semáforo vermelho e esquece-se de arrancar no verde. Tudo porque está ao telefone e nem se apercebe o quão distraí­do está.

Todos os ACTs pensam que estar ao telefone não os distrai e é isso que os torna perigosos; ficam tão alheados da realidade que se tornam um perigo assassino para todos nós.

O que fazer? Nada como um valente reality check. Arranque o ACT do seu edí­lico telefonema com buzinadelas fortí­ssimas e sinais de luzes, passe por ele e faça um ar alarmado, melhor, faça um ar de verdadeiro desespero e aponte vigorosamente para as rodas do ACT, deite uma mão í  cabeça se puder e grite, grite muito, mas nada que o ACT compreenda, inclua apenas algumas palavras compreensí­veis, como “pára-choques”, “roda de trás” ou “panela do escape”.

Deixe-o entrar em pânico, deixar cair o telefone para debaixo do banco, imaginar dezenas de problemas graví­ssimos que se passem com o seu veí­culo… ele não terá a certeza se está a meter-se com ele, pois vinha tão distraí­do com o telefonema que não se vai lembrar se por acaso terá atropelado uma velhinha que ainda trás agarrada ao châssis do carro. Pode ser que da próxima deixe o telefone em casa.

E é tudo por esta edição. Esperamos que, em conjunto com o primeiro volume, esta obra possa ser útil aos nossos leitores. Ainda não está planeada uma terceira edição, mas nunca se sabe o que o futuro guarda.

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Enciclipédia de Automobilistas Portugueses I

Publicado em , por macaco

Bem vindos í  primeira edição da Enciclopédia de Automobilistas Portugueses, uma útil referência sobre as diversas estirpes desta praga que são os portugueses ao volante. Identifique-os, saiba como evita-los, aprenda a defender-se ou mesmo a contra-atacar.

1. O Senhor Cento e Quarenta

O Sr. Cento e Quarenta é um dos mais abundantes condutores nas auto estradas de Portugal. Julgando-se um verdadeiro í s do volante (aos poucos veremos como praticamente TODOS os condutores se acham ases do volante…), este espécime anda, na sua opinião, “a abrir”, sempre a 140, não se chega a aperceber que na verdade não vai especialmente depressa. Claro que andar a 140 não é nenhum pecado, é uma boa ideia, para quem segue pacificamente na faixa da direita. Mas o Sr. Cento e Quarenta, considera-se um verdadeiro devorador de alcatrão, imagina-se sempre rasgando o traço contí­nuo de sinuosas pistas de pilotagem e considera 140 uma velocidade verdadeiramente alucinante, pelo que não hesita em seguir pela faixa mais í  esquerda, muitas vezes lado a lado com outros condutores nas faixas da direita.

Como proteger-se: Coloque-se í  frente do Sr. Cento e Quarenta e desacelere. Obrigue o Sr. Cento e Quarenta a descer a sua velocidade, digamos, para 100. Espere que este verdadeiro Schumacher comece a ficar impaciente e nessa altura ponha a tábua no chão e faça-o comer o seu pó. Mostre ao Sr. Cento e Quarenta, que os automóveis que andam realmente depressa… andam… REALMENTE depressa.

Desacelere quando já não vir o Sr. Cento e Quarenta no espelho. Com sorte ele perceberá mais tarde ou mais cedo que conduz devagar e que o seu lugar é na faixa da direita, com a ocasional ultrapassagem… a 140.

2. O Senhor Halogéneo

Ah, o Sr. Halogéneo! Como o adoramos. Faróis novinhos, super potentes, de preferência em número nunca inferior a quatro, dois “normais” e dois de nevoeiro. Sim, porque Portugal � um pa�s conhecido mundialmente pelo seu nevoeiro. H� que equipar o ve�culo com potentes far�is para quando o nevoeiro vier, n�o v� atropelar-se o D. Sebasti�o, por n�o se ver um palmo.

Ainda n�o foi poss�vel a esta Enciclop�dia compreender porque � que o Sr. Halog�neo acende sempre os seus far�is de nevoeiro, quer esteja ou n�o, de facto, nevoeiro, ou mesmo dentro da cidade. A sua condu��o nocturna comp�e-se de tr�s passos iniciais b�sicos: entrar no carro, rodar a chave, ligar os far�is de nevoeiro, n�o v� o Diabo tec�-las…

Mas nem s� de noite o Sr. Halog�neo usufrui do seu h�bito t�o prilampesco! N�o, claro que n�o, durante dias de sol brilhante � extremamente importante circular com os m�dios ligados, para que os outros condutores, obviamente com problemas de vis�o, os vejam aproximar-se (de prefer�ncia na faixa da esquerda), a, pelo menos, 5 kms de dist�ncia. O Sr. Halog�neo por vezes acumula fun��es como Sr. Colas (ver � frente), dando libertino uso aos seus encadeantes m�ximos para afastar da frente outros ve�culos de classe inferior ao seu.

Como proteger-se: Se se cruzar com um Sr. Halog�neo na estrada, � simples, deixe-o ultrapassar e coloque-se imediatamente atr�s dele. Ligue os m�ximos e n�o o perca de vista nunca, nem deixe a dist�ncia aumentar mais do que 2 metros. Siga-o at� casa, mesmo que n�o seja nem perto do seu destino original. Durma no seu carro, � porta dele, com os seus far�is apontados � janela do quarto.

3. O Senhor Colas

O Sr. Colas nunca ouviu falar da dist�ncia m�nima de seguran�a. O carro do Sr. Colas est� equipado com modernos sistemas de travagem que nunca lhe trar�o problemas e, mais a mais, o Sr. Colas � um condutor t�o fabulosamente ex�mio que consegue prever exactamente quando � que o condutor da frente vai travar e precaver-se reduzindo a sua pr�pria velocidade de forma imediata!

Bom, pelo menos o Sr. Colas est� convencido disto.

N�o � um bonito espect�culo quando vemos um autom�vel passar na faixa ao lado da nossa, imediatamente seguido de 3 outros, todos a nunca mais de 20 cent�metros de dist�ncia uns dos outros? � sem d�vida uma arte popular que n�o se pode perder. � tamb�m agrad�vel olharmos pelo nosso espelho e apercebermo-nos que nem que se atravesse na estrada todo o coro infantil de Sto Amaro de Oeiras, poderemos sequer tocar no trav�o, pois o Sr. Colas entrar� imediatamente pela mala do nosso carro a dentro.

O Sr. Colas tamb�m tem esp�rito de Sr. Halog�neo (e vice versa, como referido acima) e consegue melhorar a sua actua��o fazendo frequentemente sinais de luzes ao carro ao qual vai colado, para o caso deste n�o ter ainda notado o simp�tico que segue a 10 cent�metros da sua traseira.

O Sr. Colas � um homem mau, zangado e perigoso, provavelmente com graves problemas em afirmar a sua masculinidade que apenas consegue provar atirando para fora do seu caminho todos os carros que lhe apare�am pela frente.

Como proteger-se: O Sr. Colas anda depressa, muito depressa, porque tem que chegar ali � frente j�, porque daqui a bocado vai ser tarde demais. Por isso � f�cil de detectar, quando vir um aproximar-se, mude para a faixa dele e coloque-se rapidamente lado a lado com outro ve�culo que siga na faixa do lado. Mantenha a sua velocidade igual � do ve�culo do lado e, a menos que a estrada tenha 3 faixas, o Sr. Colas n�o ter� hip�tese sen�o… colar-se a si. Aguente firme, n�o fique nervoso. Coloque os �culos escuros para poder ignorar os sinais de luzes do Sr. Colas e siga alegremente o seu caminho.

Quando achar que o Sr. Colas j� est� farto e talvez um pouco distra�do… trave.

4. O Sr. Saxo

� um fen�meno da natureza, mas nunca se tinha visto um carro t�o reles ser t�o torturado pelo seu condutor. Se ouvir uma lata a desconjuntar-se e uma caranguejola a dirigir-se para si a uma velocidade desumana, � provavelmente o Sr. Saxo. Se lhe parecer que aquele pequeno Citr�en est� a arriscar-se a virar-se nas curvas… � porque est� mesmo. Se achar que aquele n�o � um carro de f�rmula um, n�o parece um carro de rally e n�o tem nem um pingo de stock car… tem toda a raz�o.

N�o se compreende o que leva os condutores de Saxos serem t�o aceleras. N�o se compreende o que leva os aceleras a comprar Saxos. Mas desconfia-se que ainda n�o perceberam que n�o � um Citr�en Sexo, mas sim Saxo… talvez assim, possam dizer que t�m um granda saxo, com montes de kil�metros.

Como proteger-se: n�o pense duas vezes, deixe-o passar, quer � v�-lo ao longe, n�o vai querer estar perto quando ele finalmente capotar.

5. O Sr. Seat

Independentemente de quem constr�i o carro, de quem faz o motor ou de quem � dono das f�bricas, o Seat � um carro espanhol. Os modelos t�m nomes de cidades espanholas. O Sr. Seat � claramente um traidor � p�tria. S� pode! De que outra forma acha que pode comprar um carro espanhol e com ele passear-se em estradas lusitanas? Parece imposs�vel.

Como proteger-se: compre tinta em spray para grafitti, antes que o Paulo Portas a torne ilegal; espere pelas tr�s da manh� e depois percorra a sua rua escrevendo “traidor” no capot de todos os Seat que encontrar. Vai ver que se sente mais patri�tico pela manh�.

6. O Sr. Topo de Gama

O Sr. Topo de Gama n�o paga impostos, v�-se logo pelo dinheiro que gastou no carro. Normalmente � um Audi, um BMW ou um Mercedes, topos de gama, claro, por vezes um Volvo ou um Saab. Todos estes modelos fabulosos v�o dos 0 aos 100 em 236 segundos, que � o tempo que o Sr. Topo de Gama leva a acelerar. Quando nos colocamos atr�s de um destes condutores, na esperan�a de que abram caminho pela encosta de Monsanto acima, rapidamente nos apercebemos que o Sr. Topo de Gama n�o tem qualquer inten��o de usar qualquer um dos 325 cavalos do seu motor.

Come�amos a pensar que o Sr. Topo de Gama poderia perfeitamente estar ao volante do nosso Fiat ou Opel Corsa enquanto n�s seguiamos alegremente, fazendo coisas t�o bizarras para o Sr. Topo de Gama como levar as mudan�as at� � redline, fazer ultrapassagens em terceira ou mesmo… sei l�… andar depressa!

Como proteger-se: n�o pense duas vezes, este � um caso claro de ultrapassagem urgente. Mesmo que tenha que ser pela direita. N�o hesite, ultrapasse. E acredite, quanto mais reles e barato for o seu carro, melhor se vai sentir ao ultrapassar o Sr. Topo de Gama.

E fica por aqui este primeiro volume da Enciclop�dia de Automobilistas Portugueses. Esperemos que tenham gostado.

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Mais um sábado

Publicado em , por macaco

Dormi até ao meio-dia e acordei cheio de dores de costas, mal me conseguia mexer. Which is nice.

O Cunhado passou por cá, para uma vizitinha e para fazer umas epxeriências com o seu novo AMD 2100+, que, infelizmente não correram muito bem. Aproveitou para fazer uma “revisão” aos coolers dos hdds do FMJ (ena tantas siglas), que ficaram um pouco mais silenciosos (isto parece um avião) e ainda aproveitou para endireitar uma pontinha da tampa da minha tower… coisa que esta estragada há que tempos e que eu nunca me tinha lembrado de realmente investigar porquê.

Acho que simplesmente o meu cérebro não trabalha assim.

Estive, literalmente, o resto da tarde sentado a olhar para o tampo da mesa. E depois de umas horas disto, resolvi ir dar uma volta. A Dee foi comigo.

Passear em Almada é desinteressante q.b. para nos lembrarmos que vivemos no cu da Europa. Estava um frio absolutamente rachativo. Aproveitámos para conversar sobre a casa nova e ver montras de lojas de móveis e fazer de conta que um dia vamos deitar fora a nossa mobí­lia de quarto inteira e comprar uma de que gostemos.

Já gostámos da que temos, claro… mas já não gostamos.

Ao voltar, passámos pelo novo “Teatro azul”, de Almada. Fiquei a saber que se chama assim porque o vi e reparei que era azul. A Dee informou-me que tinha lido algures no boletim municipal que se chamava, de facto, o teatro azul, porque era azul…

A obra ainda não está concluí­da, mas o teatro é de facto azul… e o que o torna azul? Qualquer habitante de Almada responderia a esta pergunta em meio segundo: as pastilhas!

Sim, as pastilhas, os ladrilhozinhos tipo-fundo-de-piscina. Estas pequenas maravilhas do revestimento, que pululam por toda a cidade. Assim, o teatro é de facto azul, mas assemelha-se í  fonte luminosa, ou, digamos, a uma piscina virada do avesso.

Aliás, todos os prédios í  volta do teatro estão revestidos com estas pastilhas… uns verdes, uns castanhos e mesmo um roxo. Na minha rua não é assim, mas na avenida, para onde nos vamos mudar, lá estão os prédios pastilhados. São í s dezenas.

Compreendo que nos anos 60 as pastilhas tenham sido uma opção consciente para isolar os prédios. Se calhar hoje em dia ainda são um bom material de isolamento. Mas… um teatro?

Viemos para casa jantar uns bifes que mais pareciam sola de sapato (é a desvantagem de comprar carne embalada no super-mercado; a vantagem é que não temos que aturar talhantes). Aproveitámos para ver o “Jeepers Creepers” em DVD… um excelente filme de terror. Muito bom mesmo, dentro do seu estilo.

Fiquei um bocado indeciso quanto ao que achar do demónio… mas ok.

Para terminar bem o dia, vim olhar para o tampo da minha mesa mais umas horas.

E agora deixo-vos com uma citação que li algures no kuro5hin:

“O dinheiro é a forma das pessoas sem talento manterem a pontuação”

…e quanto mais trabalho com pessoas com dinheiro, mais abraço esta frase como crença profunda.

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Como é um treino de gongfu?

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Algumas pessoas poderão perguntar-se como é afinal um treino de gongfu. E porque é que é tão bom. Outras pessoas poderão perguntar-se se deus existe, se haverá guerra com o Iraque ou se andarem para trás muito depressa… poderão viajar no tempo, ou limitar-se-ão a cair e bater com a cabeça?

Bom, não posso responder a praticamente nenhuma dessas questões. Mas posso explicar como é um treino de gongfu… bom, pelo menos do meu ponto de vista.

Para já, para os que chegaram agora, gongfu é a forma pin yin de escrever “kung fu”… suponho que toda a gente saiba o que é kung fu. Bom, pelo menos toda a gente tem uma ideia genérica do que é kung fu, na verdade pouca gente sabe o que é REALMENTE o kung fu. Eu também não sabia quando comecei… e sinceramente, ainda não sei se sei.

Bom, o gongfu foi inventado pelos chineses há vários milhares de anos. Digamos que essa história do Cristo vir í  terra… ok, nessa altura já os chineses praticavam artes marciais há algum tempo. Portanto quem somos nós para pensar que os percebemos…

Bom, então… os treinos de gongfu normalmente dividem-se em dois tipos: técnicos ou fí­sicos, por assim dizer. Se bem que sejam todos fí­sicos.

Os treinos técnicos incluem uma parte de aquecimento e uma parte… lá está, técnica. Digamos que descontraí­mos um bocado os músculos e articulações, corremos um bocado, saltamos um bocado, fazemos umas flexões e uns alongamentos e depois, por exemplo, treinamos formas, pontapés, qin nas ou outras técnicas.

Hoje tivemos um treino fí­sico. Aquilo a que chamamos “preparação fí­sica”. Isto implica que o treino seja esmagadormente fí­sico, normalmente tendo uma partezinha de técnica lá no meio. Estou a generalizar um bocado, mas é mais ou menos isso… por exemplo…

Hoje começámos por fazer a descontracção do costume, seguido de alongamentos. Fizemos abdominais inferiores em várias séries de 30, intercaladas com séries de 10 flexões. Fizemos também, claro, abdominais superiores, também em séries de 30, também intercaladas com flexões para descansar. Fizemos também agachamentos… obviamente intercalados com séries de flexões.

Também fizemos um exercí­cio que é óptimo quando não se conhece… cada um sentadinho numa cadeira, aquilo parece fácil. Depois só temos que levantar o pé do chão e subir e descer o joelho 30 vezes, sem que o pé volte a tocar no chão. Eu fazia coisas parecidas no ginásio com montes de pesos…. e mesmo assim nunca me custou tanto como num treino destes. Entre uma perna e outra: flexões.

Mais alongamentos, para terminar.

Hoje não fizemos treino de corrida… porque quando a preparação fí­sica inclui corrida, geralmente ela prolonga-se do iní­cio ao fim do treino e pode variar entre correr para a frente e para trás ou de lado, poderá incluir saltos por cima de obstáculos, zig-zags, sprints, gincanas variadas ou mesmo, correr escada acima – escada abaixo.

São duas horas com dois pequenos intervalos de um minuto para beber água.

No fim, tivemos vinte minutos de treino livre, em que aproveitei para rever várias vezes a Sheng xia zhi com o Cunhado, uma forma de grou, que ambos queremos fazer para exame, no dia 23.

É bom. Porque é que é bom?

Experimentem.

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