Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Têm sido uns dias calmos, os últimos. A aproveitar as férias sobretudo para descansar e ver uns filmezinhos.
Começa a aproximar-se a mudança de ano, galopantemente e com ela a chegada do Euro. Estou com bastante entusiasmo europeísta em relação í moeda única. Em Portugal temos o Escudo há qualquer coisa como 91 anos, nada que se compare com os quase 700 anos de existência do Franco ou os 2 milénios e meio do Dracma, não tenho nenhum amor especial ao escudo e agradam-me, na essência, as ideias federalistas.
Digo na essência, porque já sei que na prática a coisa fia mais fino.
Estou portanto com muita vontade de gastar o meu primeiro Euro. Como comemoração de ano novo, depois da meia noite, planeio dar um salto ao multibanco mais próximo para tentar sacar a minha primeira nota.
Apesar do entusiasmo e algum optimismo, não consigo deixar de pensar como será complicado habituar-me ao Euro… sinceramente ainda me parece impossível, mas ao mesmo tempo parece-me uma daquelas tarefas semelhantes a usar a Força… Ou seja, e mais uma coisa de instinto do que de racioncínio profundo.
O importante aqui é que todos os corruptos do país continuem a receber as suas luvas sem perturbações, simplesmente as malas de dinheiro para árbitros de futebol, gerentes de empresas, contabilistas facínorescos, inspectores aldrabões, políticos porcos e variadas outras formas de vida parasítica que compõem a grande maioria da população activa nacional que se desloca em automóveis de mais de 5 mil contos por porta, deixarão de conter belas e frescas notas de dez e passarão a conter belas e frescas notas de duzentos, por exemplo… o que é ainda melhor, diga-se.
Enfim, lá estou eu outra vez a chatear-me a mim próprio… lá por viver num país que faria corar a própria Mafia, não quer dizer que tenha que passar a vida a pensar nisso… pronto, sejam felizes, vá, andem de Mercedes topo de gama enquanto o BM e o Audi A6 ficam na garagem e a esposa se desloca no Jipe, o que é que interessa como obtiveram os carros? E o resto, as casas, os relógios suiços, os fatos boss, as TVs de plasma e as férias nas caraíbas. Não interessa, ninguém quer saber, desde que fique tudo bem, para quando um dia for preciso um “favor” não haja ninguém ofendido a quem não se possa recorrer.
É tardíssimo, quase três da manhã, o que já começa a ser-me estranho… eu que era um insone incorrigível desde tenra idade, há meses que não via um relógio a marcar esta hora… o problema deve ser esse… o melhor é ir para a cama e deixar-me afundar na ignorância do sono. Pode ser que amanhã, quando acabar o ano e chegar o Euro em papel e metal, me sinta menos incomodado por viver na capital corrupta da Europa.
Durmam bem.
http://www.eurobilltracker.com é um site que se dedica a seguir o rasto das notas de euro espalhadas pelo Mundo.