Publicado em , por Pedro Couto e Santos
O seminário hoje foi sobre Taiji Tui Shou, ou “pushing hands”. O Tui Shou é uma espécie de meio-caminho entre a prática da forma e o combate de Taijiquan. Existem uma série de movimentos que se fazem com parceiro, para aprender a sentir a mínima pressão, o mínimo movimento, desviar a força e contra-atacar.
O Taijiquan não bloqueia força com força, em vez disso usa a força que ataca e desvia-a ou reconduz sob a forma de um contra-golpe. O Tui Shou ajuda a compreender esta forma de interagir com o adversário/parceiro.
Começámos por aprender uma coisa verdadeiramente fabulosa. Ao desenharmos o símbolo do Taiji no ar com a mão, cumprindo certos movimentos naturais da cintura, dos ombros, dos pulsos e das pernas, obtemos praticamente todos os movimentos que nos permitiram lutar Taijiquan ou praticar Tui Shou, por exemplo. O símbolo do Taiji é aquilo a que as pessoas normalmente chamam “um yin e yang”.
É muito difícil de fazer. Muito. Todo o corpo participa e guia as mãos, a coluna tem que ondular vértebra a vértebra, as pernas movem-se sempre conduzindo a força, para trás e para a frente, a cintura roda, conduzindo a força para os lados. É fenomenal.
Seguidamente começámos a fazer Tui Shou com parceiro e aí é que as coisas pioraram. É ainda mais complicado para quem não tem praticamente noções básicas. É preciso sentir os movimentos do parceiro, desviar com o corpo todo, ter em conta variadíssimos factores no movimento do corpo que são difíceis de controlar porque não são naturais a quem não tem treino, mas que precisam de ser executados da forma mais natural possível.
As artes marciais chinesas relacionam-se de muito perto com a natureza, nomeadamente através do estudo e aplicação de movimentos típicos de vários animais. É interessante como ao tornarmo-nos cada vez mais “civilizados” perdemos o nosso lado de animais e usamos sempre o nosso corpo de uma maneira extremamente ineficiente. Geramos força a partir dos braços quando os nossos maiores e mais fortes músculos estão nas pernas e nas costas, temos dezenas de vértebras, todas articuladas entre si e porém raramente usamos essa capacidade de movimento, tanto que a maioria das pessoas mal consegue dobrar-se em mais do que um ou dois pontos.
A sessão hoje começou com teoria do Taiji. Falámos do Yin e do Yang e da forma como se dividem até 128 vezes. O universo tem um lado Yin e um Yang, o Lado Yin tem um lado Yin e outro Yang e o lado Yang também… depois estão a ver como progride, cada lado tem novamente um lado Yin e um Yang até 128 divisões.
Podem não parecer muitas. Mas segundo o Mestre Yang, ninguém as sabe todas. Ele diz conhecer oito. Em teoria, quem souber as 128 poderá conhecer o futuro e todos os movimentos do Universo.
Como ocidentais temos a tendência para torcer o nariz a isto. Mas é incrível como ele fala do Einstein que teorizou sobre a antimatéria há 50 anos e como a sua teoria só começou a ser posta na prática recentemente por cientistas alemães. Depois ri-se e diz: “Os chineses já sabem disto há quatro mil anos”… :)
E sabem mesmo. Foi, mais uma vez, fabuloso.
Terminou hoje. Não digo que fazia mais, porque não fazia, estou estoiradíssimo. Precisaria de estar muito mais em forma para aguentar mais e já me custou bastante aguentar estas 12 horas.
Aqui estou, a Dee foi ao aniversário da Carla – parabéns Carla! – e eu estou a aguardar a minha pizza familiar com carne, bacon, cogumelos e extra-ananás.
Amanhã é segunda-feira…