Potenciais evocados

Publicado em , por Pedro Couto e Santos

Hoje levantei-me í s sete, completamente feito num oito, graças í  Scully que não parou a noite toda e não me deixou dormir, embora me tivesse deitado cedo.

Fui para o HGO (que por esta altura já devem saber o que significa). Tive sorte, havia montes de sí­tio para estacionar, o que foi logo um bom começo. Depois fui ao Piso 3, exames especiais, esperei um bocadinho e por volta das nove e meia entrei para fazer uns exames chamados “potenciais evocados” visuais, auditivos e sensitivos. Foi muito giro! Não esto a brincar… se tiverem que ir ao Hospital fazer exames médicos, escolham estes, são o máximo (mas não podem ter medo de agulhas).

Então foi assim: O primeiro exame foi o auditivo. Todos eles começaram da mesma forma, a técnica de neurofisiologia (é assim que se chama), espeta uma série de agulhas com certa de um centí­metro de comprimento, na pele, em vários sí­tios. Para o primeiro exame foi na orelha, na cabeça e no peito, peto da claví­cula (se não estou em erro… já não me lembro muito bem).

As agulhas não custam nada a espetar, uma picadinha e pronto… pode fazer impressão olhar e ver a agulha ir por ali dentro, mas sinceramente, é preciso ser muito mariquinhas. Às agulhinhas (que têm uns terminais na outra ponta), são ligados uns cabos que depois são ligados a um aparelho que, não perguntem, não sei o que faz. Imagino que registe actividade eléctrica no sistema nervoso, mas não posso garantir.

A seguir colocou-me uns auscultadores para fazer o teste. Não é preciso fazer nada nestes testes, apenas estar lá. Os phones começaram a emitir estática do lado esquerdo e estalidos *click*click*click* (que eu mais tarde descrevi ao Nelson como *quake*quake*quake*), durante um minuto ou dois, depois pausa, depois outra vez… depois o outro lado e já está.

O exame seguinte fio o de sensibilidade que foi, talvez, o mais giro. As agulhinhas mudam de sí­tio, embora algumas fiquem onde estavam e levei mais umas extra nos braços e atrás do pescoço. A seguir encostam-se os terminais (dois bastonetes de aço, ligeiramente pontiagudos), de um aparelho próprio (vejam a minha linguagem técnica), ao pulso. Perderam-se nos parêntesis? O meu diário começa a parecer-se com LISP? Então eu simplifico: encostam-se ao pulso dois ferrinhos que saem de um aparelho tipo comando de TV.

O raio da coisa começa a fazer passar corrente (sim, eléctrica, claro). É ligeira, depois aumenta. Não dói, não faço ideia que voltagem seja. Quando confirmei que sentia a corrente a passar, a senhora procurou com os terminais, o nervo que queria e adivinhem: quando encontrou a mão começou a mexer sozinha! SENSACIONAL! Quatro dedos da minha mão (o dedo mindinho é controlado por um nervo separado, por isso não mexia), estavam aos pulos. Mas não eram pequenos abanões, acreditem, estava mesmo a abrir e fechar os dedos completamente involuntariamente. Giro.

Para o teste ao dedo mindinho os terminais são colocados mais contra o lado do pulso.

A seguir, as pernas. Com mais agulhas (joelho, parte de trás do joelho e canela e dois nas costas ao longo da coluna, sendo que o lombar foi o único que doeu) e os terminais eléctricos colocados junto ao calcanhar…. and look at them go! Os meus pés a contraí­rem-se de uma forma que acho que nem voluntariamente consigo.

O último teste foi o visual. Uma pala num olho e um écran cheio com um quadriculado preto e branco. Depois de recolocadas as agulhas, o quadriculado trocava, os pretos a brancos e vice versa, ritmicamente, durante um minuto ou dois. O mesmo repetiu-se para padrões de quadriculado cada vez mais pequenos.

Como estava podre de não ter dormido, estava-me a custar prestar atenção ao écran, por isso este teste foi muito cansativo e teve que ser feito duas vezes para um dos olhos.

Pronto, foi isso. Já sabem… testes giros: Potenciais Evocados. Uma forma diferente de passar duas horas.

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