Publicado em , por Pedro Couto e Santos
Whoa.
Este ano tem sido memorável, profissionalmente falando. As semanas passam a velocidades capazes de deslocar planetas de órbita e o esforço a que me tenho obrigado já há muito que ultrapassou os limites do razoável.
Desde o início do projecto que tentámos aquilo que poderia ser descrito como construir um foguetão capaz de ir í Lua, usando apenas um tubo de UHU, duas socas de madeira e um número do Spirou de 1976. As coisas já eram divertidas nessa altura, mas em determinado momento foi-nos sugerido que seria mesmo fixe se o foguetão fosse antes até Marte e tivesse espaço de carga para levar o Dodge Challenger, claro.
Evidentemente que nos foram dados mais recursos: três rolos de papel higiénico, uma mola de roupa e três palitos para os dentes (usados).
Projectos destes são verdadeiros desafios. E não estou a dizer que fomos megalómanos (ok, talvez um bocadinho), ou que estávamos mal equipados – na verdade, passei os últimos seis meses a trabalhar com a melhor equipa de profissionais que já conheci na área, hands down.
Não bastando, quando as coisas começaram a apertar, recebemos um apoio interno verdadeiramente épico com muita gente a ajudar e muitos deles a fazê-lo por gozo e por gostarem do projecto.
E eu gosto do projecto e muito – mais: eu uso-o todos os dias. E acreditem que há muitas maneiras de o usar. E a lista de coisas que ainda vamos fazer é vastamente superior í de coisas que conseguimos fazer no tempo que tivemos.
Só tenho um ligeiro problema: estou a atingir o limite da minha capacidade de resistência. Estou a começar a ter tonturas mesmo quando sentado, perdas de memória estranhas, confusões nocturnas entre sonhos e realidade. Há meses a fio que raramente durmo mais de 3 ou 4 horas por noite e quando tenho sorte, são seguidas.
Suponho que projectos megalómanos em que além de definir as coisas todas, de apresentar, reunir, defender e planear ainda faço, executo, desenho e implemento – mesmo que com um grande parceiro como foi o caso -Â já não esteja tanto ao meu alcance agora que tenho 36 anos como estava há dez anos atrás.
Se calhar, para a próxima, deixo outra pessoa fazer os bonecos…
Dude, tem sido um prazer :)
Ao ler o teu post revivi um período semelhante que tive no ano passado. Também passei por esses sonhos que se misturavam com a realidade. Isso deixa um gajo assustado.
Também o facto de ter uma filha pequena (na altura com 3 anos) e já ter passado dos dos trintas ajuda a compreender alguma falta de resistência que tínhamos no inicio da vida profissional, onde tínhamos uma motivação enorme em aprender e mostrar serviço.
Penso que, tal como os jogadores da bola, com o passar do tempo temos que jogar mais com a cabeça e menos com o coração (ou as pernas). O problema são algumas mentalidades que por aí andam…
Jorge
e olha que mesmo assim admiro a tua resistência, eu tenho menos 10 anos que tu e já sinto precisamente o mesmo. no meu caso acho ´que a razão é a do costume: fazer um trabalho de equipas em anos em meses com 2 pessoas. e claro, num daqueles portateis “deceleron” de 500 euros que andam muito na moda.
e, claro, com maquinas virtuais de sistemas operativos proprietários de servidor em cima desses celeron. confesso que preferia os palitos e os rolos de papel higiénico, acho que despachava isto mais depressa…
Feliz o homem que curte o trabalho que tem.
agora ate’ e’ giro reler isto :)